Avião MC-21 incorpora componentes russos e torna-se independente do Ocidente

Imagem: Dmitry Terekhov / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

A Rostec, empresa pública russa responsável pela maior parte da pesquisa e desenvolvimento no país, continua a substituir peças estrangeiras de seu MC-21 por componentes russos. Assim, o modelo praticamente se tornou independente dos produtos ocidentais, que desapareceram da Rússia como resultado da invasão da Ucrânia e das consequentes sanções.

“Asa Negra” sem ajuda do Ocidente

Em primeiro lugar, a empresa finalizou o desenvolvimento da nova asa de fibra de carbono para o MC-21-300, relata o Aviacionline. A asa composta, apelidada de “asa preta” pela cor característica da fibra de carbono, agora é produzida em massa a partir de materiais domésticos. A responsável pela fabricação é a AeroComposite, subsidiária da United Aircraft Corporation, que por sua vez faz parte do conglomerado Rostec. 

De acordo com a Rostec, o MC-21 é construído com 40% de materiais compósitos. Este é o primeiro avião russo – e segundo o fabricante o primeiro do mundo em sua classe – a incorporar uma asa composta. Embora os materiais compostos sejam amplamente utilizados em modelos de fuselagem larga, as aeronaves de fuselagem estreita não viram a tecnologia aplicada em grande escala. 

Segundo os projetistas do MC-21, o uso desses materiais tem várias vantagens em relação à construção metálica tradicional. Os materiais compostos permitem criar uma asa com uma forma aerodinâmica mais otimizada e ao mesmo tempo mais leve, o que reduz o consumo de combustível. 

A fibra de carbono permite que a asa do modelo atinja uma proporção de 11,5. Os pares ocidentais do modelo são muito inferiores nesse aspecto: o 737 MAX tem uma asa de proporção de 10,16 e o ​​Airbus A320neo 10,3. Graças a essa superioridade aerodinâmica, os projetistas do MC-21 destacam que ele é 6% mais eficiente no consumo de combustível do que a concorrência.

Adeus Pratt & Whitney, olá Aviadvigatel

Outro dos componentes russos do MC-21 serão os motores. Apenas alguns dias atrás, foi realizado um novo voo do modelo com motores domésticos Aviadvigatel PD-14 sob a asa.

Em 9 de agosto, ocorreu o centésimo voo da aeronave com número de série 73005, responsável pela execução do programa de certificação, realizado no Flight Research Institute, em Zhukovsky, perto de Moscou. Nesta fase, o principal objetivo é a substituição dos motores Pratt & Whitney P&W1400.

O PD-14 está sendo testado integrado aos sistemas hidráulico, elétrico e de ar condicionado. Nos testes, são realizadas várias simulações de situações anormais: desligamento de um dos motores em voo, pouso com um motor, falha do motor durante a decolagem, subidas anormais e descidas de diferentes alturas com apenas um motor. 

O PD-14 é o primeiro motor turbofan moderno criado na Rússia. O equipamento atinge 14 toneladas de empuxo. Pesa 2.870 kg e possui uma ventoinha de 1.900 mm de diâmetro. O primeiro voo do MC-21 com motores russos ocorreu em 15 de dezembro de 2020.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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