Avião quebrou no meio porque pilotos decidiram pousar durante aproximação instável

Durante uma aproximação por instrumentos no Aeroporto de Exeter, uma aeronave Boeing 737-400 ficou instável e, mesmo assim, a tripulação continuou com a aproximação. Durante os 500 pés (150 metros) finais, a razão de descida excedeu o máximo de aproximação estável em quatro ocasiões. Em todas as ocasiões, soou na cabine o alarme de “SINK RATE” do sistema de aviso de proximidade com o solo (GPWS). 

A conclusão consta do relatório do AAIB, o órgão do Reino Unido a cargo das investigações de incidentes e acidentes envolvendo aeronaves. O incidente em questão foi registrado em 19 de janeiro de 2021 com o Boeing 737-400 de marca G-JMCY, da empresa aérea West Atlantic.

Segundo os investigadores, os dois pilotos, únicos ocupantes a bordo do Boeing cargueiro, chegaram a descer a uma taxa de 8,5 metros por segundo, muito acima do padrão, vindo a ignorar todos os alertas e levando o jato a um pouso muito duro, que rachou o avião no meio, como mostras as fotos do evento.

O estradgo pôde ser observado após a aterrissagem. O fluido hidráulico vazava do avião em vários pontos, os amortecedores do trem de pouso principal estavam com defeito, o suporte do trem de pouso principal esquerdo estava dobrado, os flaps estavam danificados e o eixo de acionamento interno esquerdo estava dobrado. Por dentro, o sistema de manuseio de carga foi afetado, ao ponto dos correios britânicos não conseguirem retirar as encomendas da maneira convencional (deslizando os paletes pelo interior da aeronave).

Para os técnicos da West Atlantic UK ficou rapidamente claro: perda total. Neste caso, os dois pilotos foram os culpados. Eles deveriam ter abortado sua aproximação e iniciado uma manobra assim que observaram que não conseguiriam prosseguir com estabilidade, afirma o relatório. O comandante, de 56 anos, era experiente, tendo mais de 19 mil horas de voo, sendo 9 mil no Boeing 737-400.

Felizmente, não houve feridos. Logo após o incidente, a empresa aérea emitiu um comunicado aos tripulantes reforçando os requisitos para assegurar uma aproximação estável.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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