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Aviões Airbus A340 que eram do governo francês vão parar no Irã com voos um tanto suspeitos

O governo do Irã acabou de receber mais dois jatos Airbus A340 que estavam a serviço da Presidência da França. A entrega foi feita em uma operação “secreta”.

Foto por Clément Alloing

Os jatos A340-200 foram comprados pela Armée de l’Air em 2006, oriundos da Austrian Airlines, para servir como aviões presidenciais. Foram poucas unidades fabricadas do A340-200 no mundo, sendo que todas as cinco que estavam em operação até semana passada eram de posse de governos.

Outras aeronaves das 28 fabricadas estão a serviço do governo da Arábia Saudita, Catar, Egito e Líbia, ou estão estocadas, que incluíam os A340-200 que na França tinham a matrícula F-RAJA e F-RAJB.

Estas aeronaves estavam estocadas desde o ano passado na Indonésia e foram compradas pela francesa LMO Aero para serem desmontadas e servirem de estoque de peças para outros jatos A340 ainda em operação. Porém, os aviões nunca foram de fato desmontados, e foram recentemente rematriculados TZ-DTA e TZ-DTC, com registro no Mali, uma ex-colônia francesa na África. E no último dia 23 voaram secretamente para o Irã.

O caso foi revelado pelo jornalista iraniano Babak Taghvaee, que foi perseguido e preso por revelar a real situação da aviação do Irã, que não cumpre requisitos de segurança e tem a alta cúpula do país envolvida em corrupção. Hoje, ele está no exílio e escreveu vários livros, inclusive sobre a história do caça F-5 no país.

Babak confirmou ao AEROIN que os jatos passaram por uma espécie de “lavagem” antes de voarem para o Irã. Os A340-200 chegaram na Indonésia ainda com as faixas vermelhas e azuis da França, mas sem os títulos da República Francesa.

No país eles foram comprados por uma empresa de fachada que é controlada pela Mahan Air, que fez manutenção nos jatos, que foram liberados pelas autoridades indonésias no dia 23, quando foram rematriculadas para uma empresa do Mali, também de fachada.

Foi neste dia que os jatos preencheram um plano de voo de Kertajati, na Indonésia, para o Mali, como estivessem indo para seu novo dono. Mas, durante o trajeto, os pilotos declaram “emergência” e desviaram o avião para Chabahar, uma pequena cidade portuária na costa do Irã, no Golfo de Omã, local que tem uma base aérea e aeroporto com grande infraestrutura.

Desta pequena cidade, um A340-200 voou para a capital Teerã com um ex-general a bordo e o outro ainda está no Golfo de Omã. O trajeto da aeronave foi captado na plataforma FlightRadar24 por Marcel van den Berg, e mostra as aeronaves já num rumo diferente do que se espera para aviões indo da Indonésia para o Mali.

A Mahan Air é uma companhia aérea nacional, mas com frequência é utilizada pelo governo para fazer o “serviço sujo”, com transporte de armas para as forças terroristas Quds e também para terroristas no Iêmen.

Os EUA sancionaram a empresa anos atrás, e inclusive isso resultou na apreensão de um Boeing 747 cargueiro da Venezuela após o Jumbo pousar na Argentina. O raro 747-300F havia sido comprado pela da Mahan Air pela venezuelana Emtrasur Cargo, mas ainda operava com tripulantes iranianos, gerando suspeitas da sua finalidade.

No início do ano foi confirmado que outros 4 jatos A340 que voaram da África do Sul para o Irã, novamente utilizando da desculpa de emergência para desviar o voo, realmente serviriam à Mahan Air. Este tipo de operação feita neste mês e no ano passado servem parar driblar as sanções americanas:

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