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Azul Cargo: as últimas informações sobre aviões, planos e investimentos

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A Azul Linhas Aéreas tem grandes planos para os próximos anos em sua divisão de transporte de cargas, e as mais recentes informações sobre as perspectivas e objetivos foram detalhadas pela Diretora da Azul Cargo Express, Izabel Reis. Acompanhe os detalhes a seguir.

Avião Boeing 737-400F Azul Cargo Express
Boeing 737-400F da Azul Cargo

A Azul Cargo possui hoje, segundo Izabel, um modelo de operação bastante diferenciado da maioria das empresas aéreas, ao trabalhar com lojas que atuam por todo o país como franquias. Assim sendo, os representantes atuam completamente sob as regras definidas pela companhia, incluindo uniforme, treinamento, auditorias, entre outros, permitindo à Azul ter uma capilaridade relevante no mercado brasileiro de carga.

Com esse modelo, a empresa chega atualmente a quase 4.000 municípios no atendimento “porta-a-porta” (retirada e entrega nas cidades, muito além do aeroporto), trabalhando com toda a modelagem de carga, desde pesadas até pacotes, incluindo grandes clientes do e-commerce e montadoras, por exemplo.

A Diretora destaca que os diferenciais da Azul Cargo são a malha de cerca de 117 destinos dos aviões de passageiros da Azul, que levam cargas nos porões, além da frota de cargueiros dedicados e do nível de qualidade que vem entregando aos clientes no serviço.

Os impactos da pandemia

Falando sobre como o negócio foi impactado pela pandemia da Covid-19, Izabel conta que em dezembro de 2019 a Azul operava 1.000 voos por dia, que se reduziram a 70 diários em abril de 2020, o pior mês da crise para a aviação brasileira.

Com tal restrição, foi necessário pensar sobre como lidar com essa redução de conectividade para o envio de cargas e com as dificuldades dos milhares de representantes espalhados pelo país. A solução foi fugir completamente do padrão com inovações, de forma semelhante ao que ocorreu por todo o mundo no segmento de cargas.

Em coordenação com a agência reguladora ANAC, foram obtidas autorizações para o transporte seguro de cargas nos assentos dos aviões de passageiros, que estavam sem utilidade devido à crise, bem como a adaptação dos jatos Embraer de primeira geração (E-Jets E1) com a remoção de parte dos assentos para um ganho de espaço de armazenamento de carga.

Por sinal, a Diretora destaca que mudanças ainda estão em curso, já que a Azul Cargo trabalha para colocar em operação uma nova adaptação com remoção completa dos assentos, que deverá entrar em uso por volta de outubro. Com isso, a capacidade dos E1 será bastante ampliada das atuais 6 toneladas para até 12 toneladas de carga.

O resultado de tais inovações foi que a Azul Cargo, que antes da pandemia representava cerca de 4 a 5% do faturamento da Azul, chegou a registrar até 40% do faturamento durante os meses de maior impacto da crise, e ainda se mantém em torno dos 12% atualmente.

Assim, com essa importância do segmento, mesmo em meio à crise a Azul tem feito investimentos na Azul Cargo, em áreas como infraestrutura, tecnologia, revisão de processos, novidades do mercado de logística, etc.

Azul Conecta Cargo

Cessna Grand Caravan cargueiro da Azul Conecta

Sobre o mercado de carga em sua divisão sub-regional Azul Conecta, criada a partir da compra da empresa TwoFlex, Izabel destaca que a frota dos turboélices Cessna Grand Caravan agregou muito ao negócio. Isso porque permitiu a operação em localidades cujos aeroportos não possuem capacidade para receber os demais aviões da já bastante flexível frota da companhia, como, por exemplo, muitos destinos na região amazônica que não eram atendidos.

Existem certas rotas regularmente atendidas pela Azul Conecta que apoiam bastante a Azul Cargo devido ao atendimento de necessidades de clientes específicos, como grandes empresas distantes dos grandes aeroportos, e a Diretora entende que este mercado tende a continuar crescendo bastante por esse diferencial de operação em destinos regionais.

Ela ressalta que, embora a palavra “carga” possa parecer algo grande e pesado, essa capilaridade de malha da Azul Conecta é bastante demandada para o envio de tudo, desde envelopes e cartas a pequenos pacotes.

Airbus A321 cargueiro

Sobre a incorporação de aviões A321 cargueiros (A321F), a partir da conversão definitiva existente no mercado usando aviões de passageiros, conforme publicamos ontem, a executiva afirmou que analisa o uso deles para localidades não atendidas pela Azul hoje, onde chega através de parceiros. É o caso, por exemplo, do Cone Sul, principalmente Argentina e Chile, além de uma possível operação de Manaus para Miami.

Com sua maior capacidade em relação aos Boeings 737-400F atualmente na frota, que deverão ser aposentados por volta do segundo trimestre de 2023, Izabel comenta que o A321F tem ótimo consumo de combustível para as 28 toneladas que pode transportar, sendo uma opção bastante relevante. Sua viabilidade e aquisição, entretanto, ainda estão em avaliação interna na Azul.

Frota de aviões adaptados a cargueiros

Embraer 195-E1 adaptado para cargueiro

A frota atualmente em operação de aviões Embraer E1 adaptados a cargueiros continua em quatro aviões, como acompanhamos desde o ano passado, e todos eles deverão passar pelo novo processo de remoção completa dos assentos a partir de outubro.

Izabel destaca que, exceto para o primeiro avião, que servirá como experiência, para os demais a perspectiva é que o processo de adaptação leve uma semana, portanto, a qualquer momento em que a companhia decidir fazer a modificação, rapidamente uma aeronave fica pronta para reforçar a capacidade da Azul Cargo.

Ela também dá destaque à versatilidade dos aviões turboélices ATR-72 da Azul, que são originalmente adaptáveis a cargueiros. Em apenas 50 minutos, a aeronave pode ser completamente reconfigurada com a remoção dos assentos, tornando-se um cargueiros de 6 toneladas de capacidade.

Com isso, o modelo é bastante usado especialmente durante a noite, quando há menos demanda de passageiros. A Azul Cargo opera alguns serviços cargueiros regulares com o ATR, como, por exemplo, para Porto Alegre e Vitória, além de atender a clientes que solicitam fretamentos específicos.

Transporte de armas e artigos perigosos

Em relação ao transporte de armas contratado pela fabricante Taurus, Izabel detalha que a Azul Cargo atende a essa necessidade da empresa através da rota Porto Alegre – Campinas – Fort Lauderdale (EUA), sendo a operadora exclusiva dessa rota específica da fabricante.

Ela comenta que para tal serviço existe toda uma exigência de documentação a ser entregue ao exército brasileiro e às autoridades competentes, mas que se constitui como um mercado importante para a companhia. A Taurus foi um dos clientes que fretou muitos dos voos feitos pela Azul entre Campinas e Fort Lauderdale com os Airbus A330 durante a pandemia.

Airbus A330neo, também aproveitado pela Azul no transporte de cargas na pandemia

Além do serviço já feito, a Azul Cargo trabalha para ampliar sua possibilidade de transporte de armas também a partir do Aeroporto de Guarulhos e em outros mercados internos brasileiros.

Adicionalmente ao específico segmento de armas, Izabel comenta que a companhia trabalha para obter autorização para transporte de demais artigos perigosos, os chamados “dangerous goods”, substâncias que quando transportadas são um risco para a saúde, segurança, propriedade ou meio ambiente.

São muitas regras definidas e muitas adaptações de infraestrutura para o transporte seguro de tal segmento, portanto, o processo é longo. Atualmente as principais capitais já são atendidas para o segmento, mas a Azul trabalha para que o atendimento seja ampliado também até os representantes espalhados pelo país.

A Diretora ainda comenta que faz parte dos planos da Azul Cargo especializar-se nas exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para atender à demanda de clientes de segmentos associados a estas exigências.

Continuidade do bom momento da carga aérea

Em relação à continuidade do crescimento que o setor de carga aérea experimentou desde o início da pandemia, a Diretora entende que não se trata de um movimento passageiro.

Especialmente no e-commerce, por exemplo, os clientes desejam entregas rápidas em no máximo um ou dois dias, o que requer a agilidade do transporte aéreo, principalmente em função das dimensões continentais do Brasil. Assim, Izabel prevê que não deverá ocorrer um retrocesso desse crescimento.

Ela comenta que, embora sempre tenha havido um certo preconceito de que o envio aéreo de encomendas e cargas é algo muito caro, esse pensamento faz sentido apenas em trechos mais curtos, de até cerca de 600 km de distância, em que o transporte rodoviário é capaz de ser mais vantajoso. Quando se leva em conta rapidez e segurança, por exemplo, nas maiores distâncias o custo-benefício do transporte aérea é bastante superior, e o mercado está tomando consciência disso.

Infraestrutura de cargas em seu hub

Por fim, a respeito da infraestrutura da Azul Cargo, Izabel detalha que a companhia atende a cerca de 10 milhões de quilogramas de carga por mês em seu hub no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, portanto, há uma necessidade latente de investimentos.

A empresa mantém conversas com a concessionária do aeroporto sobre aumento de infraestrutura para o segmento, uma vez que, apesar de também haver investimentos da Azul Cargo para crescimento através de centros de distribuição, a capacidade do terminal de cargas no próprio aeroporto é imprescindível.

A Diretora comenta que a Azul já investiu quase R$ 2 milhões em seu terminal de cargas durante o ano passado, e os planos são para novos investimentos de quase R$ 1,5 milhão neste ano, com foco em segurança, aumento de área operacional e compra de equipamentos, por exemplo.

Além disso, a companhia avalia uma possível evolução para o uso de “sorter”, um sistema que direciona a encomenda automaticamente para o local correto dentro da área de manejo de carga, de forma semelhante ao que acontece com as malas dos passageiros em um sistema de esteiras de bagagem. Esse sistema gera expressivo ganho de eficiência pela agilidade na separação e destinação das encomendas.

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