Azul Linhas Aéreas recebe perspectiva positiva em atualização da Fitch

Avião Airbus A330-200 Azul Linhas Aéreas

A Fitch Ratings anunciou ontem (07) que elevou o rating de longo prazo na escala nacional da Azul de ‘CCC (bra)’ para ‘B’ (bra) e atribuiu Perspectivas de Rating Positivas aos ratings da Azul nas escalas internacional e nacional.

Segundo a agência de avaliação de risco, as Perspectivas Positivas refletem a melhor posição de liquidez e flexibilidade financeira da Azul nos últimos trimestres. Elas também incorporam a forte posição de negócios domésticos e malha da Azul, que deve se beneficiar de uma recuperação no tráfego aéreo doméstico durante o segundo semestre de 2021, conforme o plano de vacinação seja implementado no Brasil.

A Fitch também afirmou os Ratings de Inadimplência do Emissor (IDRs) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira e Local da Azul SA (Azul) em ‘CCC+’, bem como o rating ‘CCC+/RR4’ das notas seniores sem garantia com vencimento em 2024 que foram emitidas por Azul Investments LLP.

Além disso, atribuiu um rating ‘CCC+/RR4’ para até US$ 600 milhões em notas não garantidas de cinco a sete anos a serem emitidas pela Azul Investments, que serão totalmente garantidas pela Azul e sua subsidiária Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA. O uso dos recursos é para fins corporativos gerais.

Principais Motivos da Classificação

Forte Posição no Mercado Doméstico: O perfil de crédito da Azul se beneficia de sua posição única no mercado de aviação regional no Brasil, com forte presença em mercados mal atendidos e sobreposição limitada de rotas com as concorrentes GOL e LATAM.

A Azul é a única prestadora de serviços em 77% de suas rotas e é uma das duas maiores companhias aéreas do Brasil, com uma participação de mercado de cerca de 31% medida em receita-passageiro-quilômetro (RPK) em 2020. Como o Brasil é o principal mercado da empresa, os resultados operacionais da Azul são altamente correlacionados à economia brasileira.

Programa Brasileiro de Vacinação: Experiências em todo o mundo indicam uma forte correlação entre os níveis de vacinação e uma retomada das viagens aéreas domésticas. A Azul está posicionada de forma única como uma companhia aérea doméstica líder para se beneficiar de um retorno à atividade de viagens mais normal durante os próximos 12 a 24 meses, conforme refletido pela Perspectiva Positiva.

Cerca de 49 milhões de pessoas, ou 23% da população brasileira, receberam a primeira dose da vacina e cerca de 23 milhões, ou apenas 11% da população, receberam a segunda dose.

Maior flexibilidade financeira: a Azul melhorou sua posição de liquidez nos últimos trimestres. A empresa continua tendo acesso ao mercado de crédito e tem se beneficiado da flexibilidade financeira proporcionada por seus fornecedores. A forte posição de caixa da Azul deve ajudá-la a suportar a volatilidade de curto prazo se uma terceira onda de casos de COVID-19 ocorrer durante a vacinação.

Recuperação em meados de 2022: O caso-base atual da Fitch para o setor aéreo doméstico brasileiro pressupõe uma recuperação que só alcançará os níveis de tráfego de 2019 em meados de 2022. Com sua rede única, bem como sua estratégia de crescimento mais agressiva, a Azul superou o mercado geral.

A Fitch espera que os RPKs da Azul fiquem 15% abaixo dos valores pré-Covid de 2019 durante 2021, bastante superior em comparação aos níveis de 2020 que foram 40% abaixo dos de 2019. A dinâmica da indústria deve permanecer inalterada no curto a médio prazo, com os passageiros de lazer representando uma proporção maior do mix, o que deve limitar uma recuperação mais substancial dos rendimentos.

Pressão de fluxo de caixa: A Azul fez avanços importantes nas iniciativas de custos e na renegociação com fornecedores, mas o ritmo lento de recuperação do tráfego aéreo e R$ 1,5 bilhão de capex resultará em FCF negativo de R$ 1,9 bilhão em 2021. Esses números se comparam com R$ 453 milhões de capex em 2020 e R$ 310 milhões de FCF negativo.

A flexibilidade financeira da empresa foi auxiliada por acordos de cronogramas de pagamento com locadores que proporcionaram alívio de capital de giro de cerca de R$ 3,2 bilhões até 2021. As taxas de arrendamento mensais mais baixas serão compensadas por taxas um pouco mais altas a partir de 2023 ou pela prorrogação de determinados contratos de arrendamento a taxas de mercado.

Estratégia de crescimento a observar: A Azul tem mostrado uma estratégia de crescimento agressiva nos últimos anos em termos de crescimento orgânico e recentemente declarou seu interesse em consolidar ainda mais o mercado doméstico local. A empresa declarou interesse em fusão / associação com as operações da Latam Airlines no Brasil e está em negociações com credores. A empresa chilena, que ainda está em processo de Chapter 11 nos EUA, não declarou interesse no negócio.

Para ver os demais detalhes da avaliação da Fitch sobre a Azul, clique aqui.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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