Uma reestruturação profunda pode estar nos planos da Azul num futuro próximo, apontam analistas de um jornal especializado.
A empresa aérea brasileira sempre se destacou pelos bons números financeiros, com margem operacional em torno de 9%, além de uma recente expansão no mercado doméstico brasileiro no período pós-pandemia e bom desempenho dos segmentos de carga aérea e turismo.
Mas alguns aspectos são motivos de preocupação e ela poderia estar se preparando para uma reestruturação, não estando descartado o pedido de Chapter 11, o processo nos EUA pela Lei de Recuperação Judicial para renegociação de dívidas com credores.
Segundo o jornal especializado AirFinanceJournal, a Azul teria entrado em contato com a firma de consultoria Seabury Capital, que já auxiliou a empresa em negociações com o grupo chinês Hainan e também na colocação de Debêntures Conversíveis.
Outro contato seria com o escritório de advocacia Weil, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos, que recentemente teve uma vitória com a Meta, dona do Facebook e Instagram, na Comissão Federal de Negócios americana, equivalente ao CADE brasileiro.
A reportagem indica que a Azul estaria priorizando evitar a judicialização, mas não descartaria a possibilidade do Chapter 11. O principal motivo para os problemas financeiros, apesar do crescimento da empresa, é o Real, a moeda brasileira.
O jornalista Edward Russell, do portal AirlineWeekly, destaca que entre 2019 e 2022 o real se desvalorizou 30% contra o dólar, e isso se traduz de maneira negativa no mercado brasileiro: enquanto o lucro nominal da Azul subiu 44% na moeda local, em dólar o valor é de apenas 7%.
A aviação mundial é altamente dolarizada, sendo quase todos os custos, incluindo combustível, peças, aluguel de aeronaves e certificações, cobrados na moeda americana. Um enfraquecimento do real sempre é negativo para a aviação brasileira.
Outro ponto destacado por Edward é a postergação de dívidas de leasing (aluguel de aeronaves), que ficaram principalmente para 2024 e 2025, com o montante abaixando somente depois desse período. Como elas também são em dólar, é um custo que exerce bastante pressão na companhia.
A situação da GOL não estaria distante, já que esta, apesar de ter um modelo mais simples de operação, depende ainda mais do mercado doméstico que a Azul, portanto, também sofrendo com a subida do dólar. A LATAM, por outro lado, está mais fortalecida neste sentido, já que acabou de sair de uma Recuperação Judicial exatamente pelo Chapter 11, como uma empresa mais eficiente e com dívidas renegociadas.
Por fim, o AirFinanceJournal destaca que a empresa tenta primeiramente uma negociação extrajudicial com os credores, que podem dar mais tempo de pagamento para a empresa pelo seu bom histórico e perspectivas. Mas tudo depende de como o real irá se comportar nos próximos anos, podendo ter impactos bastante positivos ou negativos para a companhia, que preferiu não comentar o assunto quando questionada pelos portais especializados.