Azul tem prejuízo de R$ 1,17 bilhão no 2º tri, mas destaca boas perspectivas

Airbus A330
Airbus A330-200 da Azul Linhas Aéreas

A Azul Linhas Aéreas publicou nesta quinta-feira, 12 de agosto, seus resultados do 2º trimestre de 2021 (2T21), um período ainda bastante impactado pela pandemia em função da nova onda da Covid-19 que acometeu o Brasil na primeira metade do ano.

O prejuízo líquido ajustado referente ao trimestre de abril a junho foi de R$ 1,17 bilhão, frente a um prejuízo de R$ 1,49 bilhão no pior período da pandemia no mesmo trimestre de 2020 (2T20), e a um lucro líquido ajustado de R$ 175 milhões antes da Covid, 2º trimestre de 2019 (2T19).

Apesar do resultado ainda bastante negativo, a companhia destacou que obteve uma maior receita unitária e também que atingiu uma liquidez recorde, e ainda comentou sobre as perspectivas positivas para os próximos meses.

Segundo o comunicado:

– Durante o segundo trimestre de 2021, a Azul continuou recuperando sua malha, com 130 destinos atendidos em comparação a 116 antes da pandemia;

– A receita operacional totalizou R$1,7 bilhão no 2T21. O PRASK (Receita de passageiros dividida pelo total de assentos-quilômetro disponíveis) registrou um crescimento de 14,6% comparado ao 2T20 e 4,2% comparado ao 1T21. Esses indicadores são mais uma evidência da retomada racional de capacidade e das vantagens competitivas da malha e modelo de negócio;

– A Azul Cargo apresentou mais um recorde de receita. A receita líquida cresceu 137,2% em comparação com o 2T19 mesmo com a queda de 33,2% nas decolagens, impulsionada pela forte demanda pelas soluções logísticas da companhia sustentadas pela abrangente malha doméstica e internacional;

– As despesas operacionais reduziram 7,3% ou R$165,1 milhões em comparação ao 2T19, devido principalmente à menor capacidade e iniciativas de redução de custo implantadas desde o início da pandemia para garantir maior eficiência operacional no futuro;

– Durante o segundo trimestre, a entrada de caixa operacional superou a saída em mais de R$421,3 milhões. Ao final do 2T21, a posição de liquidez foi a maior da história da Azul, com R$5,5 bilhões. A liquidez total, incluindo aplicações financeiras e recebíveis, reservas de manutenção e depósitos, atingiu R$8,2 bilhões, um aumento de 45,5% em relação ao 2T20;

– Em junho, a Azul concluiu com sucesso a oferta pública de US$ 600 milhões em dívida não-colateralizada com uma taxa de 7,375%, sendo a primeira e única companhia aérea da América Latina a acessar esse mercado desde o início da pandemia da COVID-19;

– Ao terminar o segundo trimestre, que foi impactado pela baixa sazonalidade e pela segunda onda da pandemia da COVID-19, as tendências de venda mais recentes são muito animadoras. A Azul observou uma aceleração na recuperação da demanda, impulsionando um aumento nas tarifas. As tarifas atuais da companhia, tanto no segmento corporativo como no lazer, já ultrapassaram os níveis de 2019.

Mensagem da Administração

John Rodgerson, CEO da Azul:

“Mais uma vez, estou muito grato pela dedicação e perseverança dos nossos tripulantes, que cuidam da Azul e dos nossos clientes dia após dia. A nossa cultura tem sido essencial para enfrentar os desafios da pandemia da COVID-19.

No segundo trimestre, o Brasil foi impactado pela segunda onda da pandemia, principalmente no mês de abril. Desde então, houve uma aceleração na vacinação, levando à redução de casos, internações e mortes diárias.

Até o momento, já foram aplicadas mais de 155 milhões de doses e no total devemos ter mais 600 milhões de doses entregues no ano. Até o final de setembro, 100% dos adultos brasileiros estarão vacinados com pelo menos uma dose de vacina.

Consequentemente, a economia vem reabrindo de maneira segura. Restrições no ambiente corporativo, restaurantes e outros ambientes públicos estão sendo removidas. Escolas retomaram as aulas presenciais e nossos clientes corporativos estão retornando aos escritórios.

Com isso, a recuperação da demanda tem acelerado, gerando resultados de tráfego animadores, como, por exemplo, nossa taxa de ocupação doméstica de 83% em julho. Com nosso tráfego já superando os níveis de 2019, voltamos nosso foco para a recuperação da tarifa média e receita unitária.

O PRASK aumentou 14,6% em relação ao 2T20 e 4,2% comparado com o 1T21, demonstrando claramente nosso aumento racional de capacidade e as vantagens competitivas sustentáveis de nossa malha e modelo de negócios.

Continuamos adicionando novas rotas e destinos e estamos voando atualmente para 130 destinos, um número impressionante de 14 a mais em comparação aos níveis pré-pandemia. O modelo de negócios da Azul é insuperável em termos de malha e conforme a demanda se recupera e adicionamos novos destinos à malha, isso melhora a receita e rentabilidade em toda a operação. Isso também contribui para a economia local, gerando empregos e estimulando o comércio e o turismo, entre outros benefícios.

Ao terminar o segundo trimestre, que foi impactado pela baixa sazonalidade e pela segunda onda da pandemia da COVID-19, as tendências de vendas são ainda mais animadoras. Nas últimas semanas, vimos as vendas diárias e as tarifas médias nos patamares mais altos desde o início da pandemia. As tarifas vendidas estão acima dos níveis de 2019 tanto no segmento de lazer quanto no corporativo. Essa é uma ótima notícia no momento em que nos preparamos para o segundo semestre, sazonalmente o mais forte do ano.

Continuamos a desenvolver nossa operação de carga, alavancada pela nossa malha única e a flexibilidade de frota da Azul. Com isso, a Azul Cargo teve mais um trimestre recorde, com a receita líquida crescendo 137,2% em relação ao 2T19 e 27,4% em comparação com o 1T21.

Encerramos o trimestre com R$5,5 bilhões de liquidez imediata e R$8,2 bilhões de liquidez total, ambas as maiores da nossa história. Em junho, captamos US$600 milhões numa emissão de dívida não-colateralizada com vencimento em 2026, a primeira e única companhia aérea da América Latina a acessar esse mercado desde o início da pandemia. A demanda por nossa oferta foi 7,7 vezes maior do que a meta, o que nos permitiu reduzir o yield para 7,375%, o menor custo de capital entre nossos pares.

O capital levantado, juntamente com a geração operacional de caixa, será utilizado para repagar postergações e dívidas de curto prazo e fazer frente a despesas de capital para preparar a Azul para o futuro.

Continuamos aprimorando a experiência Azul, oferecendo o Wi-Fi mais rápido da região, já instalado em 23 de nossas aeronaves. Além disso, lideramos as pesquisas como a melhor companhia aérea em atendimento ao cliente, conforme apontado pelo Consumidor.gov, divulgado pela ANAC em julho.

Em 2020, o TripAdvisor elegeu a Azul como a Melhor Companhia Aérea do Mundo, e nós também queremos ser a Melhor Companhia Aérea para o Mundo. Continuamos a fortalecer os nossos esforços “ESG” e definimos uma meta ambiciosa de zerar nossas emissões de carbono zero até 2045, à frente da indústria.

Um passo significativo em direção a esse objetivo é a nossa recém-anunciada parceria estratégica com a Lilium para desenvolver a operação “eVTOL” no Brasil. Por meio da utilização de aeronaves 100% elétricas e sem emissão de carbono, poderemos continuar expandindo nossa malha e alavancando o desenvolvimento econômico e social do Brasil de forma inédita.

Estou confiante que conforme a vacinação progride no Brasil e as atividades corporativas voltam a ser presenciais, veremos um cenário favorável de receita durante o segundo semestre do ano. Nosso modelo de negócios único nos permitiu liderar a recuperação de capacidade e de tarifas no mercado, e agora voltamos o nosso foco para o futuro e a todas as oportunidades disponíveis para nós.”

Frotas

Em 30 de junho de 2021, a Azul possuía uma frota operacional de 161 aeronaves de passageiros e uma frota contratual de 178 aeronaves de passageiros, com idade média de 6,8 anos (excluindo Azul Conecta).

As 17 aeronaves não incluídas na frota operacional consistem em 11 aeronaves subarrendadas para a TAP, 3 para a Breeze, 1 para Minas Gerais e 2 em processo de saída da frota.

Capex

Os investimentos totalizaram R$132,0 milhões no 2T21, comparado com R$58,9 milhões no 2T20, principalmente devido a eventos de manutenção de motor e à aquisição de peças e motores no trimestre, preparando a frota para o segundo semestre do ano. Os investimentos no 2T19 haviam sido de R$365,3 milhões.

Receita Líquida

No 2T21, a Azul registrou receita operacional de R$1,7 bilhão, comparado a R$2,6 bilhões no 2T19, representando uma redução de 35,0% comparado a 2019 devido à redução da demanda por conta da pandemia da COVID-19.

A receita de passageiros aumentou 401,7% ano contra ano, mostrando uma clara recuperação da demanda principalmente após a aceleração da vacinação no Brasil.

Outras receitas e de cargas aumentaram 119,1% em relação ao 2T19, totalizando R$284,9 milhões no 2T21, principalmente devido ao aumento de 137,2% na receita líquida de cargas, relacionada à forte demanda das soluções logísticas sustentadas pela malha doméstica e internacional.

Custos e Despesas Operacionais

As despesas operacionais totais diminuíram 7,3% ou R$165,1 milhões comparado a 2T19, principalmente devido a redução das despesas relacionadas à capacidade e iniciativas de redução de custos. Segue abaixo a composição das principais despesas operacionais comparadas a 2T19:

Combustível de aviação: reduziu 18,5% para R$609,4 milhões, principalmente devido à redução de 25,1% na capacidade e à menor queima de combustível proporcionada por uma frota mais eficiente. A redução foi parcialmente compensada por uma alta de 17,4% nos preços de combustível de aviação;

Salários e benefícios: reduziram 1% para R$421,2 milhões, principalmente devido à redução da capacidade e iniciativas de melhoria de processos para aumentar a produtividade, parcialmente compensados pelo impacto contábil de incentivos de longo prazo, a serem realizados num período de até 8 anos e afetados por um aumento no preço das ações e na volatilidade. Excluindo o impacto dos incentivos de longo prazo, as despesas com salários e benefícios cairiam 6,8%;

Depreciação e amortização: reduziu 8,8% ou R$33,9 milhões devido à redução no ativo de direito de uso como resultado de modificações nos contratos de leasing no 3T20;

Tarifas aeroportuárias: diminuíram 18,0% ou R$30,5 milhões, especialmente devido à redução de 33,2% nas decolagens devido à pandemia;

Prestação de serviço de tráfego: reduziu 27,3% ou R$30,1 milhões, devido principalmente a 31,5% de redução no número de passageiros transportados em 2T21 em relação a 2T19;

Comerciais e marketing: reduziu 31,6% ou R$34,4 milhões, principalmente devido à redução de 43,0% na receita de passageiros e menos campanhas de marketing, parcialmente compensados por um aumento nos embarques de cargas expressas, que possuem taxas de comissão maiores;

Materiais de manutenção e reparo: aumentaram R$66,6 milhões devido à desvalorização do real em 35,2% e aumento da quantidade de eventos de manutenção no trimestre para preparar a frota para o retorno das operações, parcialmente compensado por manutenções realizadas no nosso hangar;

Outras despesas operacionais: diminuíram 15,8% principalmente devido à redução da capacidade, parcialmente compensado pela desvalorização do real em relação ao dólar, aumento nas despesas de cargas e a revisão de diversas provisões não-caixa devida à reestruturação das operações.

Resultado não operacional

Despesas financeiras líquidas representaram um prejuízo líquido de R$794,0 milhões como resultado de modificações dos contratos de leasing e o correspondente aumento nos juros reconhecidos.

Instrumentos financeiros derivativos resultaram em uma perda de R$10,8 milhões no 2T21 comparado a um ganho de R$42,3 milhões no 2T19, principalmente devido a um ganho no hedge de combustível registrado no 2T19. Em 30 de junho de 2021, a Azul possuía hedge de 10% do consumo esperado de combustível para os próximos doze meses por meio de instrumentos financeiros derivativos de heating oil.

Variações monetárias e cambiais, líquidas: a Azul registrou um ganho não-monetário em moeda estrangeira de R$2,3 bilhões no 2T21, principalmente devido à apreciação de 12,2% do real em relação ao dólar no final do período de 31 de março de 2021 a 30 de junho de 2021, resultando em uma diminuição nas dívidas denominadas em moeda estrangeira.

Disponibilidade e Financiamentos

A Azul encerrou o trimestre com um recorde de R$5,5 bilhões de liquidez imediata, incluindo caixa, equivalentes de caixa, investimentos e recebíveis de curto prazo. Isto representa 90,4% da receita dos últimos doze meses.

A liquidez total, incluindo depósitos, reservas de manutenção e recebíveis de longo prazo foi de R$ 8,2 bilhões em 30 de junho de 2021. Nesse valor não estão incluídos partes e peças ou outros ativos livres como as unidades de negócios TudoAzul e Azul Cargo.

A Azul não tem pagamentos significativos de dívidas para os próximos dois anos, e também não tem caixa restrito.

A dívida bruta total aumentou 5,1% ou R$995,5 milhões comparada com 31 de março de 2021, principalmente devido à captação de R$3 bilhões no 2T21 parcialmente compensado pela apreciação de 12,2% do real em relação ao dólar norte-americano no fim do período e ao pagamento de arrendamentos e passivos durante o trimestre.

Em 30 de junho de 2021, o prazo médio da dívida da Azul, excluindo passivos de arrendamento de aeronaves, era de 3,4 anos com um custo médio de 6,6%. O custo médio das obrigações em dólares e em reais foi de 7,2% e 6,4%, respectivamente.

A tabela abaixo apresenta informações adicionais relacionadas aos contratos de arrendamentos em 30 de junho de 2021:

Os principais índices financeiros da Azul, bem como o seu cronograma de amortização da dívida, são apresentados a seguir:

Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança (“ESG”)

A tabela abaixo apresenta as principais métricas ESG da Azul, de acordo com o padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para o setor aéreo:

Para acessar todos os dados acima descritos diretamente no comunicado da Azul Linhas Aéreas, clique aqui.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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