A companhia aérea Azul registrou um prejuízo de R$3,87 bilhões (aproximadamente US$703 milhões) no segundo trimestre deste ano, marcando um grande impacto financeiro devido à desvalorização do real em relação ao dólar, além do aumento dos custos de combustível.
Em comunicado divulgado em 12 de agosto, a empresa atribuiu parte da perda à depreciação de 11,7% da moeda brasileira durante o período, o que resultou em um aumento nas obrigações de arrendamento e empréstimos denominados em moeda estrangeira.
Quando ajustados pelos efeitos das taxas de câmbio e os resultados não realizados de derivativos e outras despesas financeiras, a Azul reportou uma perda ajustada de R$744 milhões, o que representa um aumento de 31% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
A receita no período que terminou em 30 de junho alcançou R$4,2 bilhões, uma queda de 2,3% em comparação ao ano passado, sendo afetada principalmente pelas inundações no estado do Rio Grande do Sul em maio, além da redução temporária da capacidade internacional da companhia.
O CEO da Azul, John Rodgerson, comentou que, “sem esses impactos, estimamos que nossa receita total teria superado” o segundo trimestre do ano passado. Os gastos durante o período somaram R$3,7 bilhões, apresentando um leve aumento em relação ao ano anterior. A companhia encerrou o trimestre com 181 aeronaves na frota operacional, uma a mais do que no mesmo período em 2023.
Para o ano de 2024, a Azul revisou suas expectativas de crescimento de capacidade de 11% para 7%. Essa alteração se deve às inundações que reduziram a capacidade doméstica em Porto Alegre, cuja aeroporto foi totalmente fechado pelas consequências do desastre natural e deverá reabrir parcialmente em outubro. Rodgerson estimou que o impacto das inundações no resultado da Azul seria de “pelo menos R$200 milhões”.
Neste momento, apenas sete voos diários estão sendo realizados em uma base militar próxima a Porto Alegre, enquanto antes cerca de 120 chegavam ao aeroporto. O executivo Abhi Shah ressaltou que “as pessoas não estão viajando nessa região agora” e que, assim que os voos forem restaurados, a Azul prever ser novamente a maior companhia aérea na área. Além disso, a região é um “grande impulsionador” da demanda internacional.
Os atrasos na entrega de aeronaves também estão influenciando as previsões de resultados para o ano. No segundo trimestre, a Azul recebeu apenas um Airbus A320neo, enquanto novas aeronaves da fabricante Airbus foram adiadas para 2026. A companhia espera receber um total de seis A330neo este ano. Dois já estão na frota, dois outros chegarão em setembro e os últimos dois podem ser entregues em dezembro.
As entregas programadas dos jatos Embraer E195-E2 também estão sofrendo “alguns ajustes nos cronogramas”, de acordo com Shah. Algumas dessas aeronaves devem ser entregues em dezembro, o que poderá ajudar a ampliar a capacidade da companhia no próximo ano.
Ao todo, Rodgerson calculou que a companhia espera receber entre 15 e 18 aeronaves Embraer até o final do próximo ano, sendo que os prazos médios de entrega estão mudando de 30 a 45 dias para a frente. Atualmente, a Azul possui 56 dessas aeronaves encomendadas.