Azul volta a ter recorde de receita no 3º trimestre, mas fecha com prejuízo de R$ 1,6 bilhão no período

A Azul Linhas Aéreas apresentou nessa quinta-feira, 10 de novembro, seus resultados relativos ao terceiro trimestre de 2022 (3T22), reportando um novo recorde de receita, de R$ 4,376 bilhões, e um lucro operacional de R$ 403,8 milhões, mas, como resultado financeiro, um prejuízo líquido de R$ 1,645 bilhão, ou prejuízo ajustado de R$ 527,3 milhões.

Para comparação, em 2019 a receita foi de R$ 2,887 bilhões, o lucro operacional foi de R$ 543,4 milhões e o resultado financeiro foi um prejuízo líquido de R$ 453,8 milhões.

John Rodgerson, CEO da Azul, comentou o seguinte sobre os resultados do trimestre:

“Mais uma vez, gostaria de começar agradecendo aos nossos mais de 13 mil Tripulantes que continuaram executando uma operação incrível e prestando um serviço excepcional aos nossos clientes.

Através da dedicação e paixão de nossos Tripulantes, mantivemos nossa posição como uma das companhias aéreas mais pontuais do mundo. Nosso índice de satisfação dos clientes também atingiu outro recorde em outubro, e fomos novamente reconhecidos pela ANAC como a companhia aérea com o maior índice de satisfação do cliente.

Esta é uma conquista notável, especialmente considerando que temos mais voos diários e o triplo de destinos que os nossos competidores no Brasil.

No trimestre, a receita atingiu novamente recorde histórico, totalizando R$4,4 bilhões, um aumento de 44% em relação ao mesmo período em 2019, numa capacidade 6,5% superior e com uma taxa de ocupação de 82%.

Esta performance foi um resultado direto do ambiente de forte demanda, que acreditamos que permanecerá, dadas as tendências positivas de atividade econômica e índices de emprego no Brasil. Além disso, os brasileiros parecem estar se beneficiando de formatos de trabalho mais flexíveis, aumentando a frequência das viagens a lazer.

A demanda de lazer tem estado acima dos níveis de 2019 por 14 meses consecutivos, mostrando-se duradora e complementando a contínua recuperação da demanda corporativa.

As tarifas corporativas chegaram a 150% dos níveis pré-pandêmicos, enquanto o tráfego se recuperou 80%.

O EBITDA no trimestre atingiu mais de R$925 milhões, em linha com o 3T19, mesmo com um aumento de 138% no preço dos combustíveis, 32% de desvalorização da moeda e mais de 20% de inflação no Brasil nos últimos três anos.

Isto demonstra claramente as vantagens sustentáveis e o poder de rentabilidade do nosso modelo de negócios, com nossa malha única, frota flexível e estrutura de custos reduzida. A Azul tem a frota mais eficiente e sustentável da região, com 70% dos ASKs voados por aeronaves de última geração.

No 3T22, o consumo de combustível por ASK caiu 8% em relação ao mesmo período em 2019, reforçando nosso compromisso ambiental e nossa capacidade de crescer de forma sustentável e lucrativa. Em comparação com nossos competidores, a Azul voa aeronaves mais eficientes em menores etapas e cobrando maiores tarifas.

Fizemos progressos significativos para acelerar nosso plano de transformação de frota, recentemente anunciando a saída adicional de 12 Embraer E-195 E1s de nossa frota operacional de passageiros até o final de 2023.

Nossas unidades de negócios de crescimento acelerado e margens elevadas também contribuíram para expandir ainda mais nossas margens.

Nosso programa de fidelidade TudoAzul encerrou o trimestre com 15 milhões de membros e faturamento bruto 82% acima do 3T19. A Azul Viagens continuou com seu excelente desempenho, beneficiando-se da tendência positiva de viagens a lazer, e está a caminho de mais do que dobrar as vendas em comparação com 2019.

A Azul Cargo também dobrou em relação ao 3T19, impulsionado pela forte demanda por nossas soluções logísticas porta-a-porta e da nossa malha exclusiva, com entrega para mais de 2.500 cidades no Brasil em menos de 48 horas.

Nossa liquidez imediata continua forte, totalizando R$3,4 bilhões, R$297 milhões acima do mesmo período em 2019. Nossa alavancagem foi de 5,7x no 3T22, superando, um trimestre antes do previsto, nossa previsão de alavancagem abaixo de 6x.

Saímos da pandemia com operações gerando bilhões de reais em caixa, além de nossos vários e valiosos ativos não onerados, como nossas unidades de negócios e nosso Bond da TAP.

Finalmente, eu não poderia estar mais orgulhoso de todo o time Azul e de todo o bem que estamos fazendo. Agora nós contamos com mais de 4.300 Tripulantes voluntários, que fazem um trabalho incrível para ajudar seus vizinhos e suas comunidades.

Em outubro, como fazemos todos os anos, realizamos nossa campanha de conscientização sobre o câncer de mama, a maior em nossa história, impactando mais de sete milhões de clientes. Além disso, nosso serviço para mais de 150 destinos em todo o Brasil cria oportunidades e impulsiona o desenvolvimento econômico sustentável em todo o país.

Olhando para o futuro, esperamos que as fortes tendências de demanda que vimos neste trimestre continuem, nos permitindo superar as pressões dos preços dos combustíveis e continuar expandindo as margens e gerando caixa.

Gostaríamos de agradecer a todos os nossos stakeholders pelo apoio contínuo, e estamos animados sobre as grandes oportunidades que vemos à nossa frente.”

Receita Líquida

No 3T22, a Azul teve mais uma vez receita operacional recorde, atingindo R$4,4 bilhões em comparação com R$2,7 bilhões no 3T21, um aumento de 61,0% ou 44,4% acima em comparação com o 3T19.

A receita de passageiros também atingiu um recorde histórico, aumentando 69,7% em uma capacidade 19,5% maior em comparação com o mesmo período do ano passado. Em comparação com o 3T19, a receita de passageiros subiu 41,1%, mesmo com o tráfego corporativo ainda não totalmente recuperado.

O PRASK também atingiu níveis recordes, aumentando 42,1% versus o 3T21 e 32,4% versus o 3T19, principalmente devido à gestão racional da capacidade e às vantagens competitivas do modelo de negócios, o que permitiu continuar aumentando tarifas para compensar o preço recorde do combustível.

No 3T22, a receita de cargas e outras totalizou R$302,6 milhões, mais do que o dobro em relação ao 3T19 e em linha com o 3T21, impulsionada pela forte demanda doméstica pelas soluções logísticas. A receita de cargas domésticas cresceu 21,7% em relação ao ano anterior. Isto foi parcialmente compensado pela redução na capacidade internacional à medida que foram redirecionadas as aeronaves widebody para destinos internacionais para aproveitar a recuperação das viagens internacionais mais rápida do que o esperado.

O RASK também atingiu níveis recordes, 34,8% e 35,5% acima do 3T21 e 3T19 respectivamente.

Custos e Despesas Operacionais

No 3T22, a Azul registrou despesas operacionais de R$4,0 bilhões contra R$2,6 bilhões no 3T21, representando um aumento de 53,9% impulsionado principalmente por um aumento de 85,3% nos preços de combustível, além de aumento de capacidade de 19,5%, parcialmente compensado por uma menor queima de combustível, maior produtividade dos Tripulantes e iniciativas de redução de custos.

Comparado ao 3T21, a produtividade medida em ASKs por FTE aumentou 8,2% e a queima de combustível por ASK reduziu 2,4% como resultado de operações mais eficientes e da frota de nova geração.

Em comparação com o 3T19, as despesas operacionais aumentaram 60,2%, impulsionadas principalmente por um aumento de 138,2% nos preços dos combustíveis, 32,1% de depreciação do real e mais de 20% de inflação no Brasil, parcialmente compensada por maior produtividade e iniciativas de redução de custos. Em comparação ao 3T19, a queima de combustível por ASK reduziu em 7,7%.

A composição das principais despesas operacionais em comparação com o 3T21 é a seguinte:

▪ Combustível de aviação totalizou R$1,9 bilhões, principalmente devido a um aumento de 85,3% no preço do combustível por litro e um aumento de 19,5% na capacidade, parcialmente compensado pela redução no consumo de combustível como resultado da frota mais eficiente;

▪ Salários e benefícios aumentaram 24,3%, para R$553,7 milhões, devido à maior capacidade e um aumento salarial de 7,9% resultante de acordos coletivos com sindicatos aplicáveis a todos os funcionários de empresas aéreas no Brasil, parcialmente compensado por uma maior produtividade;

▪ Depreciação e amortização aumentaram 49,2%, ou R$172,0 milhões, principalmente devido ao aumento da frota em comparação ao 3T21 e pela mudança na política de provisionamento de custos de devolução de aeronaves;

▪ Tarifas aeroportuárias aumentaram 26,2%, ou R$49,4 milhões, principalmente devido ao aumento de 21,2% nas horas-bloco e 19,7% nas decolagens, além da inflação de 7,2% nos últimos 12 meses;

▪ Gastos com passageiros e tráfego aumentaram para R$169,6 milhões, principalmente devido ao aumento de 13,7% no número de passageiros, o aumento de 19,7% no número de decolagens, a retomada após dois anos do serviço de bordo e a inflação no período;

▪ Comerciais e marketing aumentaram para R$196,9 milhões, impulsionadas principalmente pelo crescimento de 69,7% na receita de passageiros, levando a um aumento nas comissões de cartão de crédito, e a aceleração da demanda por voos internacionais, que têm maiores custos de distribuição;

▪ Manutenção e reparos reduziram 14,0%, ou R$20,1 milhões, em relação ao 3T21, principalmente devido ao menor número de eventos de manutenção no trimestre, uma maior proporção da manutenção realizada internamente e menores custos decorrentes da renegociação de contratos de manutenção de motores;

▪ Outras despesas reduziram 29,9%, ou R$115,0 milhões, impulsionadas pela redução da operação logística internacional, que possui despesas mais elevadas, e redução das reclamações no período como resultado de melhor operação.

Resultado não operacional

Despesas financeiras líquidas foram de R$1,17 bilhão no 3T22, principalmente pelos juros de R$660,0 milhões reconhecidos sobre arrendamentos e o aumento do CDI no período, para uma média anual de 13,7%.

Instrumentos financeiros derivativos resultaram em uma perda de R$150,0 milhões no 3T22, principalmente devido a uma perda no hedge de combustível no período. Em 30 de setembro de 2022, a Azul tinha um hedge de 14,1% de seu consumo esperado para os próximos doze meses, sobretudo via derivativos de heating oil.

Variações monetárias e cambiais líquidas registraram perda cambial não monetária em moeda estrangeira de R$727,9 milhões no 3T22 devido à depreciação cambial de 3,2% no final do trimestre, resultando em um aumento nos passivos de arrendamento e empréstimos em moeda estrangeira.

Liquidez e Financiamentos

A Azul encerrou o trimestre com R$3,4 bilhões em liquidez imediata, incluindo caixa e equivalentes, recebíveis e investimentos de curto prazo, R$297 milhões acima em relação ao 3T19, mesmo após o pagamento de R$2,0 bilhões em arrendamentos, empréstimos, amortizações diferidas, reservas de manutenção, depósitos, juros e investimentos. Esta liquidez imediata representa 22,1% da receita dos últimos doze meses.

A liquidez total incluindo depósitos, reservas de manutenção, investimentos de longo prazo e recebíveis foi de R$6,6 bilhões em 30 de setembro de 2022. Isto não inclui peças de reposição ou outros ativos não onerados, como TudoAzul, Azul Cargo e Azul Viagens.

Contas a receber aumentaram 36,6%, ou R$606,8 milhões, em comparação com 30 de junho de 2022, principalmente devido às tendências positivas das vendas e a uma redução na antecipação de recebíveis de cartão de crédito, possibilitada pela sólida posição de caixa. No Brasil, recebíveis de cartão de crédito estão principalmente relacionados a bilhetes já voados e não trazem risco de crédito do portador do cartão. Por isso, são fáceis de antecipar conforme necessário, pagando uma taxa sobre o CDI.

A Azul não possui pagamentos significativos de dívidas para os próximos dois anos ou caixa restrito. O gráfico abaixo converte a dívida em dólares para reais utilizando a taxa de câmbio do final do trimestre de 5,41.

A dívida bruta aumentou 1,8%, ou R$380,9 milhões, em comparação a 30 de junho de 2022, principalmente devido à depreciação de 3,2% do real no final do período, compensada pela contínua desalavancagem com R$1,4 bilhão em pagamentos de empréstimos e arrendamentos.

A alavancagem da Azul mensurada como dívida líquida em relação ao EBITDA dos últimos doze meses diminuiu 0,6x no trimestre, de 6,3x para 5,7x, e reduziu 15x nos últimos 12 meses. A Azul tem a menor alavancagem entre os pares, mesmo sob diferentes metodologias como o uso de 7x aluguel para capitalizar arrendamentos.

A companhia alcançou a meta de alavancagem abaixo de 6x um trimestre antes do esperado.

Em 30 de setembro de 2022, o prazo médio de vencimento da dívida da Azul, excluindo as obrigações de leasing e debêntures conversíveis, era de 2,5 anos, com uma taxa média de juros de 8,7%.

As taxas médias de juros das obrigações locais e denominadas em dólares foram equivalentes a CDI + 5% e 6,6%, respectivamente.

Frota

Em 30 de setembro de 2022, a Azul tinha uma frota operacional de 168 aeronaves e uma frota contratual de 182 aeronaves, com uma idade média de 7,0 anos, excluindo aeronaves Cessna.

No final do 3T22, as 14 aeronaves não incluídas na frota operacional consistiam em 5 ATRs sublocados à TAP, 3 Embraer E1s sublocados à Breeze, 4 Embraer E1s no processo de saída da frota, 1 Airbus A330neo e 1 Airbus A350 no processo de entrada na frota.

A Azul terminou o 3T22 com aproximadamente 70% de sua capacidade proveniente de aeronaves de nova geração, muito superior a qualquer competidor na região.

Despesas de Capital

Os investimentos líquidos totalizaram R$297,6 milhões no 3T22, relacionados principalmente com a capitalização de eventos de manutenção de motores e a aquisição de peças de reposição no trimestre.

Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança

A tabela abaixo apresenta as principais métricas ESG da Azul, de acordo com o padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para o setor aéreo.

Reconciliação dos Itens Não Recorrentes

Os resultados contábeis incluem impactos de itens considerados como não-recorrentes e que não devem ser considerados para comparação com períodos anteriores ou futuros.

No 3T22 os resultados operacionais foram ajustados por itens não recorrentes totalizando uma despesa líquida de R$52,6 milhões, relacionada a um ganho na reversão parcial do impairment de 6 aeronaves Embraer E-195 E1 no valor de R$346,1 milhões, que sairão da frota de passageiros como parte da aceleração do plano de transformação de frota, parcialmente compensada por outros itens relacionados a aeronaves no valor de R$398,7 milhões.

Estes outros itens incluem uma taxa relacionada à renegociação bem-sucedida de contrato de manutenção de motores da frota E1, que eliminou a obrigação de revisão completa nos motores CF34-10E e permitirá reduzir despesas de manutenção de motores em até 50%.

Informações da Azul Linhas Aéreas

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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