Beyond Aero apresenta detalhes sobre sistema de célula a hidrogênio para seu jato executivo conceitual

A startup francesa Beyond Aero revelou novas informações sobre sua aeronave executiva conceitual com capacidade para oito passageiros, movida a hidrogênio. Em um comunicado de 17 de março, a empresa anunciou que está buscando isenções regulatórias necessárias para eventual certificação do modelo, que teve sua configuração refinada.

A aeronave, denominada “BYA-1”, será alimentada por um “sistema de célula de combustível a hidrogênio livre de baterias”, capaz de gerar 2,4 MW de eletricidade, acionando dois “fans ductados elétricos” posicionados na fuselagem traseira.

O sistema de células de combustível será alimentado por hidrogênio gasoso armazenado em tanques integrados acima da estrutura da asa, o que, segundo a empresa, reduz riscos e está em conformidade com os protocolos de segurança da aviação, ao eliminar linhas de combustível de alta pressão na cabine pressurizada.

Com um alcance de 800 nm (cerca de 1.482 km), peso máximo de decolagem de 8.618 kg (19.000 lb) e uma velocidade de cruzeiro de até 360 nós (667 km/h), o BYA-1 representa um avanço significativo em direção à certificação e comercialização, consolidando a posição da Beyond Aero como líder na fabricação de jatos leves movidos a hidrogênio, com a meta de entregar a primeira aeronave dessa categoria certificada até 2030.

A Beyond Aero é uma das várias empresas que competem para lançar aeronaves movidas a hidrogênio no mercado na próxima década. No entanto, os conceitos enfrentam desafios significativos relacionados à segurança, tecnologia e infraestrutura para o uso de hidrogênio como combustível.

A Airbus, que há tempo defende o uso de aeronaves movidas a hidrogênio, adiou o desenvolvimento de seu programa de aeronave ZEROe por uma década, devido à lenta evolução da tecnologia de hidrogênio e à incerteza sobre a disponibilidade do hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis, conhecido como “hidrogênio verde”.

Ainda no dia 17 de março, a Beyond Aero informou que está colaborando com a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) para garantir condições especiais necessárias à certificação do BYA-1, uma vez que os atuais padrões de aeronavegabilidade SC-23 da EASA, aplicáveis a aeronaves com até 19 passageiros, não se aplicam a tipos movidos a hidrogênio.

Em 2024, a Beyond Aero iniciou voos de teste de um demonstrador movido a hidrogênio baseado em um ultraleve Spyl-XL da GI Aviation, substituindo o motor a gasolina por um sistema de propulsão híbrido que combina baterias e uma célula de combustível de hidrogênio. No ano passado, a empresa anunciou ter levantado US$ 44 milhões em financiamento e recebido cartas de intenção para potenciais pedidos futuros de 108 aeronaves.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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