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Blohm & Voss BV 141: o avião assimétrico em que o piloto ficava sobre a asa

O projeto previa a cabine de comando sobre a asa direita e cauda única. Via Wikimedia.

Na década de 1930, os nazistas consolidavam seu poder na Alemanha por meio de fortes investimentos na economia e em armamentos. A aviação era um dos focos prediletos, o que resultou na criação de diversos aviões até então inéditos no mundo, com alta tecnologia, mas design, no mínimo, curioso.

Entres os modelos lançados naquele período, o Blohm & Voss BV 141 foi uma das mais interessantes. O BV 141 foi projetado como um hidroavião de guerra para missões tácticas de reconhecimento aéreo e bombardeio. Foi lançado em 1938 por encomenda do governo nazista pela fabricante Blohm Und Voss. Até aquele momento, a fabricante produzia apenas navios, um ramo em que esteve por mais de 50 anos, mas sob ordens do regime de Adolf Hitler, passou a fabricar, também, para a aviação militar e a Luftwaffe.

Entre as várias aeronaves criadas pela Blohm Und Voss, com certeza, a BV 141 é a mais icônica. O primeiro aspecto a chamar a atenção de qualquer espectador, leigo ou especialista, é o design assimétrico e nunca visto antes, o que faziam muitos crer que seria impossível fazer a geringonça voar.

Ousadia

A cabine da tripulação não estava instalada entre as duas asas, como era de se esperar. Ela estava deslocada ao centro da asa direita, tinha capacidade para três tripulantes: um piloto, um agente de apoio e um atirador. O formato em “gota esticada” favorecia a passagem do vento e a aerodinâmica.

A estrutura central era reservada exclusivamente para o motor a hélice BMW 807. Na cauda, além do leme de direção, havia apenas uma pequena asa para compensar a estabilização da aeronave que seria prejudicada pela cabine de comando na asa.

O principal objetivo do projeto era oferecer melhor visibilidade para a tripulação, especialmente em relação à frente, traseira e direita do piloto. A aeronave tinha autonomia plena de até 1 mil km e velocidade máxima de 438 km/h e altura limite de 10 mil metros. Após testes, erros e melhorias, o BV 141 foi aprovado para entrar em produção seriada e destinada ao Esquadrão de Reconhecimento Operacional.

Pilotos em treinamento ao lado Blohm & Voss – BV 141 IMAGEM: P.K. Luftwaffe/Wikimedia

Vida curta

Cerca de 500 aeronaves foram encomendadas. No entanto, embora nenhum problema técnico tenha sido documentado, o projeto foi descontinuado em 1941 quando apenas 20 exemplares tinham sido entregues. Naquele ano, a Alemanha sofreu as primeiras grandes derrotas na 2ª Guerra Mundial, após intensos bombardeios aéreos sobre Berlim. Isso alterou o planejamento aeronáutico dos nazistas.

Em vez de investir na fabricação do BV 141, os alemães optaram por priorizar o Focke-Wulf FW 189 nas missões de reconhecimento aéreo. Esse modelo tinha uma cabine central elevada, totalmente envidraçada, que permitia uma visão total a 360° pelos ocupantes. Um bimotor imponente, de design igualmente inovador, que ganhou o apelido de “Fliegende Auge“, o “Olho Voador”.

A fábrica da Blohm Und Voss foi depois realocada para fabricação do FW 200 Condor, um  bombardeiro marítimo cuja fábrica original havia sido bombardeada. Infelizmente, nenhum BV 141 foi preservado após a derrota alemã na grande guerra. Estima-se que pelo menos 38 foram produzidos, considerando a fase de testes e produção seriada.

Aqueles que não foram destruídos pela guerra foram confiscados e desmontados por aliados.

Com informações de Interesting Engineering, MilitaryFactory.com, entre outros.

Focke-Wulf FW 189: aeronave foi escolhida em substituição ao BV141. IMAGEM: Wikimedia Commons