Boeing 737 que se arrastou pela pista tocou o solo antes do asfalto devido a windshear

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Imagem: AvHerald

No início do mês passado, acompanhamos um acidente ocorrido no pouso de um Boeing 737, em que a aeronave teve seu trem de pouso direito colapsado e se arrastou pela pista apoiada em seu motor direito até a parada total, felizmente sem maiores consequências além dos danos materiais à aeronave.

Na ocasião, o Boeing 737-500 registrado sob a matrícula EY-560, operado pela Air Djibouti, estava realizando o voo de número IV-206 de Hargeisa para Garowe, ambas na Somália, com 31 passageiros e 8 tripulantes, quando sofreu o acidente ao pousar na pista 04 do aeroporto de Garowe por volta das 09:30 locais (06:30Z).

Além do fato, a mídia local ainda havia reportado que o aeroporto estava sem operar o caminhão de bombeiros há cerca de 2 meses devido ao mesmo estar sem uma roda, portanto, ele não pôde responder ao acidente do Boeing 737, embora testemunhas tenham afirmado que fumaça foi vista saindo da aeronave perto do trem de pouso colapsado.

Agora, cerca de 1 mês depois, a Agência de Investigação de Acidentes de Aviação (AAIB) da Somália divulga seu relatório preliminar com as descobertas feitas e com algumas orientações de seguranças já resultantes das análises da ocorrência.

Segundo informações do The Aviation Herald, a AAIB relatou que as condições meteorológicas no momento do acidente indicaram poucas nuvens baixas a 2.000 pés, visibilidade horizontal superior a 10 km e direção do vento de 060º a uma velocidade de aproximadamente 17 kts (31,5 km/h).

Na chegada a Garowe, o piloto realizou aproximação visual para a pista 06, mas, nos instantes finais, a aeronave experimentou ocorrência de ‘windshear’ (vento cisalhante, ou tesoura de vento) levando a um pouso antes da cabeceira. A velocidade indicada da aeronave antes do impacto era de 135 kts e os pilotos não receberam informações da possibilidade de ‘windshear’.

O exame do local do acidente mostrou que a aeronave sofreu um ‘hard landing’ (pouso duro) antes do início de asfalto e, ao passar do solo para a pista, estourou os dois pneus do trem de pouso direito, o que também resultou no colapso da estrutura e em danos ao motor.

Imagem: AAIB

Imagem: AAIB

Segundo as análises preliminares, a aeronave estava em condições aeronavegáveis antes do acidente, ou seja, com documentação e manutenção corretas, e a tripulação tinha qualificações e conhecimentos adequados, com o comandante acumulando 6.050 horas totais de voo e 5.170 horas no tipo de aeronave.

Segundo os investigadores, o fator que contribui para o acidente foi a condição climática, sendo o vento cisalhante a principal causa do acidente.

Como recomendações preliminares de segurança, a AAIB sugere:

– Atualizar a previsão do tempo para atualização oportuna de fatores climáticos para mitigar ocorrências relacionadas ao clima;

– Atualizar os serviços de emergência com equipamentos modernos para lidar com emergências;

– Ensaiar exercícios de resposta a emergências e comunicações para melhorar os serviços necessários;

– Adquirir os recursos necessários de remoção de equipamentos pesados da pista;

– Treinamento de rotina e atualizado para aprimorar as competências do pessoal.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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