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O dia em que um Boeing 737 e um ATR 72 colidiram na pista em Medan, na Indonésia

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Diante da recente queda do Boeing 737 da Sriwijaya, na sequência de outros ainda recentes casos de acidentes na Indonésia, muitas críticas têm sido feitas quanto às condições de segurança da aviação no país. E de fato, ao se analisar o histórico de ocorrências, os números reforçam a preocupante recorrência de incidentes e acidentes.

Trazemos hoje a lembrança de mais um caso ainda bastante recente no país asiático, em que um Boeing 737 e um ATR 72 sofreram uma colisão de pista que, por muito pouco, não se tornou uma tragédia no dia 3 de agosto de 2017.

A asa do Boeing 737 após a colisão

A asa do ATR 72 após a colisão

Uma das aeronaves envolvidas era o Boeing 737-900 registrado sob a matrícula PK-LJZ, operado pela companhia aérea Lion Air, cumprindo o voo de número JT-197 de Banda Aceh para Medan Kuala Namu, ambas na Indonésia. Havia 144 pessoas a bordo.

A outra aeronave era o ATR-72-500 registrado sob a matrícula PK-WFF, operado pela Wings Air e realizando o voo de número IW-1252 de Medan Kuala Namu para Meulaboh, também na Indonésia, com 66 pessoas a bordo.

Segundo análise do Comitê de Investigação da Indonésia (NTSC), a tripulação do Boeing 737 recebeu autorização de pouso na pista 23 de Medan. Cerca de um minuto depois, os pilotos do ATR 72 foram instruídos a aguardar antes de ingressarem na pista 23 pela taxiway D.

Mais um minuto depois, a tripulação do ATR relatou que estava aguardando em posição próxima à pista 23, e o controlador de tráfego da torre questionou se eles tinham condição de fazer uma decolagem imediata. Sem resposta, o controlador repetiu a pergunta e então a tripulação confirmou que seria possível partir imediatamente.

O controlador então instruiu ao ATR: “IW1252, atrás do tráfego da Lion Air na curta final de pouso, após passagem está autorizado a alinhar na pista 23 pela interseção D. Autorização adicional após a partida, direto para Meulaboh.”

A tripulação do ATR respondeu de volta: “partida direta para Meulaboh, IW1252”, e o controlador da torre apenas encerrou: “Torre Namu”.

O ATR ingressou para alinhar na pista 23. Cerca de 35 segundos após a última transmissão da torre, o Boeing 737 pousou e, alguns segundos depois, colidiu em alta velocidade sua asa com a asa do ATR.

Posições dos aviões em três momentos antes da colisão

Detalhes dos danos na asa do 737

Detalhes dos danos na asa do ATR 72

Os pilotos do 737 relataram que havia outra aeronave na pista em seu pouso. O supervisor da torre assumiu a comunicação e instruiu a próxima aeronave a arremeter, e o Boeing 737 a desocupar a pista via taxiway G. O controlador posteriormente liberou o ATR para decolagem, ao que a tripulação respondeu “negativo”, e logo depois solicitou retorno ao pátio.

Cerca de 8 minutos após a colisão, o piloto do Boeing 737 alertou a torre sobre a possibilidade de destroços na pista. A tripulação de outra aeronave que aguardava fora da pista para sua decolagem relatou ter visto destroços na pista.

Apesar dos avisos, o controlador emitiu uma autorização de pouso para a aeronave que havia arremetido anteriormente. O piloto do Boeing 737 avisou novamente que possivelmente havia destroços na pista, e a torre respondeu que a equipe de manutenção havia sido informada.

A aeronave que se aproximava concluiu seu pouso e, logo depois, relatou objetos estranhos na pista. Só então a pista foi fechada, assim permanecendo por cerca de 25 minutos até que os destroços fossem removidos.

Os destroços na pista

O NTSC relatou que o ATR ainda estava na frequência de solo quando a autorização de pouso para o 737 foi emitida na frequência de pouso/decolagem, e que a autorização condicional de táxi para alinhar atrás do tráfego de pouso foi emitida sem questionar se a tripulação tinha contato visual com o tráfego na final.

Segundo o relatório, em situações anteriores, o controlador da Torre Medan não se lembrava de nenhum piloto interpretando mal sua autorização condicional. Assim, mesmo que a releitura do ATR tenha sido incompleta, o controlador presumiu que o piloto entendeu a liberação corretamente, de forma que uma instrução imediata para corrigir as discrepâncias da resposta do piloto foi considerada desnecessária.

Assim, como fatores contribuintes para o acidente, o NTSC aponta o mal-entendido de comunicação da autorização condicional para entrar na pista, enquanto os pilotos do ATR 72 não sabiam que o Boeing 737 havia recebido autorização de pouso; e o movimento da aeronave ATR não observado pela torre, que fez com que o mesmo entrasse na pista.

Com informações do NTSC

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