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Boeing 787 completa 10 anos do primeiro voo comercial com sucesso e contratempos

Há exatamente 10 anos, o Boeing 787 Dreamliner, uma verdadeira revolução na aviação comercial, fazia o seu primeiro voo.

© Toshiro Aoki

O apelido Dreamliner já trazia a pretensão do jato: ser um sonho para as linhas aéreas. Isso realmente se tornou realidade, apesar de muitos bons sonhos e alguns pesadelos no caminho.

O primeiro voo aconteceu em 2011, tendo sido realizado pelo 787-8 da All Nippon Airways, de matrícula JA801A, entre Tóquio e Hong Kong, com muitos convidados especiais, comemorações e festa.

O 787 era especial, com janelas sem persianas (que bloqueiam a luz a partir da reação de um gás), asas super flexíveis, altitude de cabine muito mais baixa, ar mais puro e uma fuselagem 50% feita de materiais compostos e não alumínio.

Muitas novidades do jato chamaram a atenção no globo, a principal, porém, eram seus números de economia e alcance, tornando várias rotas viáveis. A Boeing afirma que 180 rotas foram criadas porque o Dreamliner fez elas serem rentáveis pela primeira vez na história.

No início era tudo perfeito, até que as baterias apareceram…

Havia se passado quase dois anos desde o voo inaugural e a Boeing seguia de vento em popa com o Dreamliner, num momento em que a concorrente Airbus ainda estava para produzir o primeiro A350 XWB de série.

Até que no dia 16 de janeiro de 2013 um Dreamliner da ANA teve fogo a bordo durante um voo doméstico e precisou ser desviado.

A notícia chamou a atenção da imprensa e das empresas aéreas, já que o avião tinha apenas 50 unidades entregues globalmente e era bastante novo. Naquela mesma semana um outro caso de fogo ocorreu com um 787, desta vez da concorrente Japan Airlines, e no Aeroporto de Boston.

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Os próximos dias foram terríveis para a Boeing, já que a FAA decidiu por proibir os voos com os jatos, até que o problema fosse resolvido. Foi um soco no estômago da fabricante, que correu contra o tempo para resolver os problemas. Desde o início, a investigação apontou para um causador: as baterias de Íon-Lítio, feitas de Cobalto de Lítio.

Estas baterias eram a última tecnologia na época, armazenando muita energia e em um pequeno espaço, necessário para um avião com muitos sistemas elétricos (inclusive de pressurização) e com bastante tecnologia embarcada. O “porém” é que, caso essas baterias tivessem um curto-circuito, o seu aquecimento iria gerar a chamada Avalanche Térmica, onde o calor emitido pelo objeto contribuiria ainda mais para o aumento da energia e maior produção de calor.

Foram alguns meses sem voo, até que uma solução foi encontrada, fazendo mudanças na estrutura das baterias e trocando o seu fornecedor.

Este problema não afetou tanto o 787 mas foi o pontapé da crise na Boeing, que viria anos depois com a queda de dois jatos 737 MAX e os atrasos no 777X.

Anos de bonança

Foram anos de tranquilidade até que o jato atingisse 1.000 unidades entregues, um marco e tanto e em tempo recorde. Apesar dos dias de bonança, mais recentemente, a Boeing voltou a ter “dores de cabeça”, mas detectados por si própria.

Tais desafios incluem não-conformidades na fabricação da fuselagem. Esta última “dor de cabeça” é menor do que a das das baterias, mas novamente voltou ao cerne da questão o problema de trabalhar com fornecedores sem garantir a qualidade de cada produto entregue.

Apesar de uma paralisação e dos últimos problemas, o 787 tem se provado ser o jato definitivo de longo alcance para rotas médias, sem competir com o “irmão maior” 777 e trazendo uma economia de combustível nunca vista antes.

Recentemente, o Brasil recebeu o primeiro dos 787 que serão registrados aqui, e mostramos em detalhes a aeronave:

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