A Boeing está avaliando a venda de sua unidade de mapeamento e navegação digital, Jeppesen, em um movimento estratégico para aliviar suas pesadas dívidas. Adquirida pela gigante aeroespacial em 2000 por US$ 1,5 bilhão, a Jeppesen é renomada por suas cartas de navegação usados tanto por companhias aéreas comerciais quanto por pilotos privados.
Como informa o Aviacionline, fontes próximas ao assunto revelaram que a Boeing, com o auxílio de um consultor, iniciou um profundo exame de seu portfólio para identificar ativos possíveis à venda, e a Jeppesen emergiu como um dos principais alvos.
A unidade atrai forte interesse de potenciais compradores, incluindo empresas de private equity e do setor de aviação, com expectativas de que a venda possa ultrapassar os US$ 6 bilhões. Se a Boeing optar por seguir adiante com a transação, a conclusão poderá ocorrer até o primeiro semestre de 2025, conforme informações divulgadas pela Bloomberg.
Esta possível alienação está em linha com a estratégia da CEO Kelly Ortberg, que busca fortalecer as capacidades essenciais da Boeing nas áreas de fabricação comercial e defesa.
Desde sua chegada à empresa, Ortberg priorizou a venda de ativos não estratégicos, uma medida vista como crucial após um período tumultuado que incluiu uma greve de 53 dias nos EUA e perdas significativas em diversos programas. Recentemente, Ortberg reiterou a necessidade de revisar o portfólio para garantir a congruência estratégica dos ativos da Boeing.
Com uma dívida total de aproximadamente US$ 58 bilhões, a Boeing enfrenta desafios financeiros consideráveis. Embora tenha conseguido US$ 24 bilhões em financiamentos que reforçaram sua credibilidade de investimento, a empresa ainda precisa lidar com cerca de US$ 12 bilhões em dívidas que vencem nos próximos dois anos. O capital obtido com a venda da Jeppesen poderia ser uma fonte vital de liquidez, ajudando a estabilizar suas finanças em tempos economicamente difíceis.
Analistas, como Cai von Rumohr da TD Cowen, sugerem que a Boeing também poderia considerar alienar outras entidades adquiridas, como suas divisões de distribuição de peças KLX e Aviall, além de projetos experimentais de aviação, como a Aurora Flight Sciences e a Wisk Aero. Isso reflete o enfoque de Ortberg em otimizar operações e concentrar-se nos principais segmentos de negócios.
No entanto, a decisão final sobre a venda da Jeppesen ainda está pendente. Embora a venda possa proporcionar um influxo de capital necessário, a alienação significaria perder um ativo valioso com fluxo de caixa consistente e uma clientela firmada, o que poderia impactar negativamente a capacidade da Boeing de desenvolver novos projetos no futuro.