Boeing conta com lobista na Casa Branca para convencer a China a comprar o 737 MAX

É notável que a Boeing desempenha um papel estratégico para o governo dos EUA como uma das maiores exportadoras do país. Para aproveitar essa posição, a fabricante contratou no final de 2021 o famoso lobista Ziad Ojakli, também conhecido apenas pela alcunha de “Z”, para melhorar as relações entre a empresa e a Casa Branca.

O objetivo principal de Ojakli, entretanto, é outro: reabilitar as vendas e entregas do Boeing 737 MAX para a China, um mercado importante para a Boeing e que a companhia tem tentado conquistar nos últimos anos, reporta uma matéria da Bloomberg.

Visita à China

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, planeja visitar Pequim no início de fevereiro e o presidente chinês Xi Jinping deve comparecer à cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em novembro nos EUA. O sinal de que a China está pronta para aceitar o Boeing 737 MAX foi dado quando a China Southern Airlines retomou as operações de voo do modelo 13 de janeiro de 2023 – o primeiro voo doméstico em quase quatro anos.

No entanto, o governo dos EUA diz que tem outras prioridades com a China, como medidas para encontrar oportunidades entre as duas maiores economias do mundo e questões relacionadas a Taiwan. Respondendo sobre a atuação do lobista, Katharine Tai, representante comercial dos EUA, disse à Bloomberg que “a Boeing não determina nossa política comercial“.

Crise na Boeing

A Boeing perdeu terreno para a Airbus nos últimos anos, entregando apenas oito aeronaves para a China no ano passado, em comparação com 117 de sua rival europeia. O desempenho fraco da Boeing nas operações de defesa e a pandemia de Covid-19 também contribuíram para a crise da empresa.

Para reverter a situação, o lobista Ojakli tem a responsabilidade de promover as prioridades de política pública da empresa e trabalhar suas conexões com o governo federal, estadual e local dos EUA. Ele possui extensa experiência em assuntos governamentais, tendo servido na Casa Branca de 2001 a 2004 e ocupado vários cargos políticos e legislativos na Câmara e no Senado.

Com Ojakli, a Boeing pode ter uma oportunidade de recuperar sua influência política e restaurar sua posição no mercado chinês, enquanto trabalha para melhorar as relações com o governo dos EUA. Se isso acontecer, o fabricante de aeronaves poderá consolidar sua reviravolta e reconstruir o balanço, o que seria uma grande vitória para a empresa.

Em outro movimento, no ano passado a Boeing mudou sua sede de Chicago para Arlington, perto do Pentágono, citando a necessidade de melhorar seu relacionamento com o governo dos EUA.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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