Boeing divulga novas mensagens ‘muito perturbadoras’ sobre o MAX para a FAA

Um novo lote de mensagens entre os funcionários da Boeing sobre o desenvolvimento do 737 MAX mostra uma “imagem muito perturbadora” das preocupações com o avião, segundo reporta a Reuters e outras grandes agências.

Boeing 737 MAX aviões armazenados

Os documentos foram entregues ao Congresso Americado e à Administração Federal de Aviação (FAA) na segunda-feira, 23, mesmo dia em que a fabricante comunicou a saída do seu CEO, Dennis Muilenburg.

Piloto de testes

Segundo a imprensa americana, pelo menos algumas dessas comunicações foram feitas pelo mesmo piloto de testes da Boeing, cujas primeiras mensagens foram divulgadas em outubro, e foram objeto de questionamentos pesados pelos legisladores americanos. A equipe do Comitê de Transporte e Infraestrutura ainda está revisando as mensagens e não forneceu detalhes específicos sobre o que eles contêm.

“Mas, como outros registros divulgados anteriormente pela Boeing, esses parecem apontar para uma imagem muito perturbadora das preocupações expressas pelos funcionários da empresa sobre o compromisso com a segurança e os esforços para garantir que os planos de produção não fossem afetados pelos reguladores ou outros agentes”, disse um assessor do comitê parlamentar, em comunicado à imprensa reproduzido pelo The Guardian.

No mesmo dia, a Boeing emitiu um comunicado em que diz que enviou as evidências ao Congresso “como parte do compromisso com a transparência com nossos reguladores e comitês de supervisão”.

“Como nos documentos anteriores mencionados pelo comitê, o tom e o conteúdo de algumas dessas comunicações não refletem a empresa que somos e precisamos ser”, afirmou a empresa. Nos últimos nove meses, a Boeing implementou muitas mudanças para melhorar a segurança e os processos, concluiu.

No mesmo dia, as ações da fabricante caíram 1,3%, para US$ 333 no encerramento do pregão em Nova York.

Atraso nas mensagens sobre o MAX

Ainda segundo a Reuters, esta foi a segunda vez que a empresa atrasou a entrega das mensagens sensíveis relacionadas ao desenvolvimento do 737 MAX. O episódio anterior provocou uma repreensão pela agência e tensões entre o regulador e fabricante.

Um dos princípios fundamentais da FAA é que as entidades que ela supervisiona divulguem questões de segurança ou possíveis violações dos regulamentos. Em algumas circunstâncias, deixar de informar sobre esse problema pode ser considerado uma violação legal. Por sua vez, a FAA não comentou o conteúdo dos e-mails, dizendo apenas que eles estavam sob revisão relatou o Seattle Times.

O novo incidente se soma aos desafios que aguardam David Calhoun, presidente da Boeing que está prestes a se tornar CEO no próximo mês. Uma declaração do conselho citou a deterioração das relações com as FAA como parte da justificativa da mudança no topo da empresa.

Mensagens de outubro

Em outubro, a Boeing divulgou às FAA mensagens instantâneas e e-mails de um piloto de alto escalão da empresa que, em 2016, expressou receios sobre o software do avião. O piloto estava preocupado com o recurso de controle de voo, mais tarde associado aos acidentes.

O Congresso americano e disse que o piloto poderia ter indevidamente enganado o regulador sobre o assunto, apesar da defesa negar. Em e-mails que ele enviou a um funcionário da FAA, ele disse que estava “enganando os Jedis” para que aceitassem o treinamento sugerido pela Boeing para o MAX (ignorando as inconsistências encontradas no simulador).

Um advogado do piloto disse que as questões levantadas nas mensagens eram relacionadas somente ao simulador e que seu cliente acreditava que o avião estava seguro e que, portanto, não enganou a FAA.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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