
Um juiz dos Estados Unidos concedeu um mês adicional à Boeing e ao Departamento de Justiça (DOJ) para negociações sobre uma possível confissão de culpa revisada da empresa em relação a acusações de fraude federal relacionadas à certificação do 737 MAX.
O juiz federal Reed O’Connor adiou o prazo até 14 de março, data em que Boeing e DOJ devem atualizar o tribunal sobre os esforços para alcançar um acordo que evite um julgamento, conforme uma ordem judicial datada de 17 de fevereiro.
Anteriormente, ambas as partes deveriam apresentar uma atualização até 16 de fevereiro, mas solicitaram a extensão, citando mudanças recentes na administração em Washington. “As partes não chegaram a um acordo, mas continuam a trabalhar de boa-fé em direção a esse objetivo, incluindo as discussões com a nova liderança do departamento”, informaram Boeing e DOJ ao juiz.
No ano passado, as partes chegaram a um acordo inicial de confissão de culpa, que incluiria um monitoramento de “conformidade” da Boeing. No entanto, em dezembro, o juiz O’Connor rejeitou esse acordo, expressando preocupações sobre as disposições de monitoramento. Isso forçou a Boeing e o DOJ a retornarem à mesa de negociações, pois ambas as partes afirmaram buscar uma resolução sem julgamento.
Enquanto isso, advogados de familiares das vítimas dos dois acidentes com o 737 Max estão pressionando por modificações significativas no novo acordo de confissão. O advogado Paul Cassell criticou o DOJ por não ter consultado adequadamente os parentes ao redigir o primeiro acordo de confissão, que ele acredita ter omitido de forma errônea a menção às vítimas do acidente.
Cassell pediu à nova procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, que assegure que qualquer novo acordo inclua referências a essas vítimas. “Se o novo acordo de confissão for como o antigo, ele tomará (ofensivamente) a posição de que o crime da Boeing não teve várias vítimas”, afirmou Cassell em uma carta a Bondi datada de 6 de fevereiro.
Os investigadores atribuíram os dois acidentes com o 737 MAX— que ocorreram em 2018 e 2019 — a diversos fatores, incluindo um sistema chamado Maneuvering Characteristics Augmentation System, que foi redesenhado após os acidentes. Esse sistema fez com que ambas as aeronaves entrassem em mergulhos dos quais os pilotos não conseguiram se recuperar, resultando na morte de todas as 346 pessoas a bordo.
A atenção contínua para o caso e os apelos de familiares das vítimas destacam a necessidade de uma abordagem mais abrangente na responsabilização da Boeing, além de fornecer o devido reconhecimento às vidas perdidas.