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Boeing é levada ao tribunal por acidente de avião que ela não fabricou

Um acidente do início da década pode trazer consequências jurídicas em 2024 para a Boeing, mesmo sendo de um avião que ela não fabricou.

A aeronave que se acidentou | Foto – Gerry Stegmeier

O processo envolve as famílias do voo Spanair 5022, que em 2008 vitimou 154 pessoas após a aeronave, um McDonnell Douglas MD-82, decolar sem os flapes acionados e cair logo após a decolagem.

A aeronave fora fabricada em Long Beach, na Califórnia, anos antes da Boeing comprar a empresa. Mas, enquanto a companhia aérea catalã faliu em 2012, o processo continuou correndo na justiça e em janeiro terá uma audiência em Madri, cidade onde foi o trágico acidente.

Este acidente, inclusive, foi causado, segundo o relatório oficial, por erro dos pilotos, que não acionaram os flapes e quando perceberam isso já estavam com a aeronave saindo do chão, mas não conseguiram manter a sustentação no voo e o jato acabou caindo.

Segundo informa o portal PYOK, as famílias alegam que a Boeing já era responsável pela McDonnell Douglas na época e não fez esforços para corrigir um erro que fazia com que um alerta de decolagem sem flapes (TOWS – take-off warning system) não fosse disparado.

Alguns MD-82 tiveram o sistema corrigido para um possível problema que causava o seu mau funcionamento, mas o da Spanair não teve. Não está claro se esta correção era obrigatória (como foi do 737 MAX) ou se apenas era recomendação para a companhia aérea (como foi do A330 da Air France), que a partir da sua divisão de engenharia iria determinar se a mudança era aplicável e necessária.

A investigação apontou, porém, que não foi possível determinar o motivo do alarme não ter disparado, e destacou que os pilotos não seguiram o checklist para decolagem, que incluía o acionamento dos flapes. Este sistema também não era obrigatório, sendo que a Airbus foi instalar no A320 apenas um ano depois.

As famílias acusam a Boeing de ter sido negligente e não fazer todos os esforços necessários e possíveis para que o problema fosse consertado e, assim, acidentes evitados.

Este foi o segundo caso de acidente fatal com um avião MadDog causado por falta de acionamento de flapes, sendo o primeiro em 1987 com a Northwest Airlines em Detroit, vitimando igualmente 154 pessoas.

Neste caso não houve acusações contra a McDonnell Douglas, apesar dos investigadores americanos terem encontrado uma falha elétrica resultando na desativação do TOWS, daí surgindo a recomendação para correção, a mesma usada pelas famílias espanholas como argumentação jurídica. A audiência na Espanha será realizada em janeiro de 2024.

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