Início Indústria Aeronáutica

Boeing realiza o primeiro voo do 1.000º Dreamliner

Apesar de alguns percalços no início, o Boeing 787 entrou na aviação para mudar de vez o mercado aéreo de longo curso. De lá para cá foram mais de 1.500 encomendas, sendo que cerca de 960 jatos já foram entregues das três versões: 787-8, 787-9 e 787-10.

Outro número que impressiona é o número de rotas voadas com o Dreamliner: são mais de 1.900 hoje, sendo que 233 destas são rotas novas e se tornaram possíveis justamente por causa das novas tecnologias e economia trazidas pelo modelo.

Nos últimos dias, a 1.000ª unidade fez o primeiro voo, ainda na fábrica da Boeing em Charleston, Carolina do Sul. Isso também é novo, pois o B787 é o primeiro avião da fabricante norte-americana a ser fabricado fora de Seattle. O número 1.000 unidade terá o registro 9V-SCP e voará na Singapore Airlines, que já possui 15 unidades, todas na versão -10.

Início turbulento

O Boeing 787 Dreamliner chamou a atenção desde o início pela revolução que causaria no mercado e as agressivas reduções de custo que geraria aos operadores, algo que a fabricante prometeu e cumpriu. Dentre elas, estavam o fim das persianas tradicionais, substituídas por um gel eletrificado que fica entre dois vidros, permitindo um escurecimento gradual da janela. Outro item “elétrico” no avião foi o sistema de pressurização, onde não seria mais feito utilizando o ar comprimido advindo do motor, mas sim de motores elétricos.

Toda essa mudança na elétrica obrigou a aeronave A ter uma bateria mais potente, de lítio, o calcanhar de aquiles do projeto no terceiro ano de operação. Em janeiro 2013 foram dois incidentes com fogo a bordo no Japão, com as duas companhias de bandeira do país: a ANA e a JAL. Nas duas ocasiões, curto-circuitos nas baterias de lítio causaram o fogo.

A agência reguladora dos EUA, a FAA, afirmou que a Boeing não trabalhou o projeto do 787 para conter adequadamente o fogo e evitar novos curtos-circuitos. Foram então quatro meses com toda a frota de 787 paralisada no mundo todo, sem poder voar. Os aviões só puderem voltar em abril de 2013, após a Boeing redesenhar a bateria e seus sistemas.

Em 2018 outro problema surgiu, desta vez fora do alcance da Boeing e com os motores Rolls-Royce Trent 1000, que começaram a apresentar rachaduras precoces nas pás dos compressores. Novamente, as aeronaves foram mantidas no chão, mas desta vez em escala bem menor, já que muitas companhias aéreas não foram afetadas por terem optado pelo motor General Eletric GEnx.

Atualmente, a aeronave opera voos em todo o globo diariamente em 56 companhias aéreas diferentes. A maioria destas rotas são as chamadas “thin and fin” que são voos de longo curso mas com demanda não suficiente para os maiores jatos do mundo, mas que o 787 faz possível dada sua economia de 30% no consumo de combustível em relação a geração anterior, somado com o tamanho adequado do jato: são apenas 248 passageiros no menor, o 787-8.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
Sair da versão mobile