Boeing se esforça para não deixar a Lufthansa reativar o Airbus A380

Há algumas semanas, a Lufthansa sinalizou que poderia colocar de volta na sua frota alguns jatos Airbus A380, um modelo que já havia sido dado como aposentado pelo grupo alemão, a fim de suprir sua necessidade em rotas de maior densidade em meio ao enorme atraso no programa Boeing 777X. No entanto, hoje deu-se a conhecer que a Boeing está disposta a fazer com que isso não aconteça.

Como relatou o site argentino Aviacionline, a Boeing está oferecendo aos gerentes sêniores da Lufthansa de quatro a seis Boeing 777-300ER, disponíveis a curto prazo. Essas aeronaves são chamadas de “whitetails”, ou seja, foram originalmente encomendadas por outras empresas, mas não foram entregues por algum motivo e agora estão aguardando outros compradores.

O atraso do Boeing 777X

A Lufthansa possui uma encomenda de 20 exemplares do Boeing 777-9, mas seu atraso fará a empresa alemã ter que buscar alternativas até que ele chegue. Em entrevista a jornalistas, o executivo-chefe da aérea, Carsten Spohr, já disse que sua companhia estava conversando com a Boeing, com a especial preocupação de como fará para transportar todos os seus passageiros nos verões de 2024 e 2025.

Até então não se falava do Boeing 777-300ER como alternativa para o atraso no 777X. Segundo uma reportagem recente do aeroTELEGRAPH, as aeronaves programadas como “tampão” seriam os clássicos quadrimotores Airbus A340-300 e A340-600, muito menos eficientes do que os bimotores da Boeing. Depois, Spohr deixou transparecer que o A380 também poderia voltar.

No entanto, a alternativa que trouxe a Boeing pode ser mais viável e agradar a um dos seus clientes mais importantes, já que o Boeing 777-300ER, apesar de ser de uma geração anterior ao 777X, ainda é um avião ultra-moderno e sofisticado, que pode entregar um benefício importante para os alemões nos próximos verões.

Além disso, o Boeing 777-300ER já é conhecido no grupo, uma vez que o modelo é parte da frota da companhia aérea irmã SWISS, além da Lufthansa Cargo operar o 777F. Isso, sem dúvida, facilitará o treinamento da tripulação e aproveitará a infraestrutura existente para operar essas aeronaves.

Por outro lado, a reativação do A380 poderia ser um pouco lenta, pois as aeronaves precisam passar por manutenção e revisão após o longo período de armazenamento, além de retreinar a tripulação, obter peças de reposição e reativar simuladores.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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