Boeings 747 com histórico de rejeição farão voos inéditos ao Brasil ao longo do mês de novembro

Duas aeronaves Boeing 747-8F, de histórias um tanto quanto interessantes, farão voos ao Brasil ao longo do mês de novembro. Eles foram contratados por uma empresa brasileira de comércio exterior com objetivo de trazer cargas diversas da China e levar de volta frutas e também outros itens variados para a Europa. As informações sobre a carga foram dadas por uma fonte próxima da operação.

Tais aviões pertencem ao Hongyuan Group, da China, mas são operados pela Air Belgium, na Bélgica. O grupo asiático tem participação no capital da Air Belgium. Além disso, em 2020, o Hongyuan escolheu o aeroporto de Bruxelas como local estratégico para sua sede europeia, onde construiu um armazém de 8.000 m². 

Voos ao Brasil

A programação dos voos, que serão operados entre 4 e 22 de novembro, já consta do registro de voos autorizados da ANAC. Os serviços começam em Hong Kong, passam pela Bélgica e, por fim, chegam ao Brasil, com os seguintes horários programados:

Às segundas e sextas-feiras: o voo ABB-551 tem previsão de pouso em Guarulhos às 6h50 da manhã. A decolagem acontece no mesmo dia, às 11h35, rumo a Bruxelas.

As aeronaves rejeitadas

A história das duas aeronaves é curiosa. Quando foram produzidas, elas deveriam ir para a Atlas Air, que não as quis. Depois, foram alocadas para uma empresa britânica chamada Global Supply Systems, que também as rejeitou. Por fim, foram aceitas pela Saudia, da Arábia Saudita, onde receberam as matrículas HZ-AI3 (msn 37562) e HZ-AI4 (msn 37563).

Após chegarem à Arábia, os jatos voaram em rotas de carga na Ásia e Europa, principalmente. Em três oportunidades, no entanto, foram deixadas paradas por cerca de um ano, fazendo com que, em 9 anos de vida, os aviões tenham voado cerca de cinco apenas – muito aquém de sua capacidade. A última parada aconteceu em maio de 2020 e, a partir daí, os jatos foram colocados à venda.

Em seguida, mais rejeições. Primeiro da empresa russa Air Bridge Cargo, que chegou a tê-los alocados em seu nome, mas jamais os operou. Depois, a Air Belgium demonstrou interesse e recusou numa primeira tentativa. Mais tarde, em maio de 2022, a empresa belga resolveu aceitar as aeronaves para operar na parceria com a gigante chinesa do comércio exterior.

Os aviões ficaram apenas poucos meses registrados em nome dos belgas e então passou oficialmente ao nome do grupo chinês. Atualmente os jatos têm matrículas OE-LFC e OE-LFD e são registrados em nome do Hongyuan, embora sigam operados pela Air Belgium.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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