Bombardier reclama de preferência do Governo do Canadá pela Boeing e pede concorrência justa

A Bombardier solicitou ao governo federal do Canadá que abra uma concorrência para o contrato de substituição dos aviões de vigilância da Royal Canadian Air Force. O Canadá considera a gigante americana da aviação Boeing como a potencial fornecedora, mas a fabricante “da casa” não está feliz com isso.

A Ministra de Serviços Públicos e Compras, Helena Jaczek, afirmou a um comitê parlamentar que o Departamento de Defesa Nacional disse que o P-8A Poseidon da Boeing atende às necessidades. A Bombardier, porém, acredita que a competição deveria ser aberta. “Que vença o melhor”, afirmou Jean-Christophe Gallagher, vice-presidente executivo de vendas e defesa de aeronaves da Bombardier à CBC News.

Sean Liedman, diretor de desenvolvimento de negócios internacionais da Boeing para aeronaves de mobilidade e vigilância, disse que não há necessidade de competição porque o avião da Boeing “é a única aeronave que atende aos requisitos”.

Esta não é a primeira vez que essas duas empresas aeroespaciais se enfrentam. Há seis anos, a Boeing desafiou comercialmente a Bombardier, alegando que os jatos CSeries estavam sendo fortemente subsidiados pelo governo de Ottawa.

Em março, o Canadá fez um pedido formal aos EUA pela aquisição de “até 16 aeronaves P-8A Poseidon e equipamentos associados e serviços iniciais, bem como acesso a dados intelectuais e técnicos”. A Boeing também exibiu um P-8A Poseidon em Ottawa, na CANSEC, uma feira global de defesa e segurança, dando força à parceria.

A Bombardier, do seu lado, propõe o Global 6500, avião contendo tecnologia “de ponta”, como eles dizem. A Bombardier e General Dynamics apresentaram uma maquete e sua tecnologia de caça submarina na CANSEC. De acordo com as empresas, o avião queima 30% menos combustível do que seu concorrente mais próximo, voa mais alto e mais rápido e fica mais tempo no alvo.

Também foi dito que isto manteria os empregos no Canadá, já que a maior parte do avião será construída localmente e em Montreal seria a montagem final. A Boeing, do seu lado, apontou que seus aviões também criariam empregos indiretos no Canadá, devido aos serviços referentes a treinamento, manutenção e reparos, além de serem implementadas em conjunto com os aliados.

A ministra Jaczek disse a um comitê parlamentar que a decisão final do governo contará com o preço, disponibilidade e impacto na indústria canadense. A Bombardier insiste que seu avião proposto seria a melhor escolha para as necessidades canadenses.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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