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Brasil receberá voo de raríssimo avião do modelo Boeing 747-300

Foto N509FZ, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia

EXCLUSIVO – Desde a semana retrasada, o AEROIN tem acompanhado, com exclusividade, a preparação a empresa aérea estatal bielorrussa TransaviaExport para realizar voos não-regulares de carga ao Brasil. O assunto é particularmente curioso porque esta empresa é banida dos EUA e sancionada. Na manhã desta quinta-feira (17), o voo já aparece no registro da ANAC.

Conforme previamente informado, a operação tem início Changsha, na China e termina em São Paulo (Guarulhos). A carga ou o importador envolvido não são conhecidos publicamente. A programação esperada do voo é a seguinte:

17 DE MARÇO – O avião faz o voo TXC-9455 de Changsha para Luanda, em Angola, onde faz uma parada técnica.

18 DE MARÇO – Após descanso da tripulação, a aeronave decola da África para São Paulo, onde aterrissa 0h30 do dia 19.

20 DE MARÇO – Depois de passar um dia em solo, o Boeing decola novamente, no começo da madrugada, com destino à Angola e, depois, à Bielorrússia (numa previsão anterior havia expectativa de uma escala extra na Tunísia, mas não consta na programação atual).

O raro Boeing 747-300

Esse modelo do Boeing 747-300 teve apenas 81 unidades produzidas: 56 da versão normal de passageiros, 21 da versão 300M (Combi – carga e passageiro) e 4 da versão SR japonesa, que tinha menor alcance mas permitia configurações densas de até 584 assentos e seria usada nas rotas domésticas do Japão.

Atualmente, no mundo, são raríssimos os aviões do modelo ainda voando, sendo possível contá-los nos dedos de uma mão. Um deles é o jato da bielorussa TransaviaExport Cargo, de matrícula EW-465TQ, que foi o último 300 a ser produzido, entregue originalmente para a belga Sabena como um modelo Combi.

Essa aeronave tornou cargueira pura em 2000, quando foi comprado pela Atlas Air. Desde então passou por várias aéreas até achar sua atual casa em Minsk, na Bielorússia, em 2016. Sua rotina hoje compreende voos na Eurásia e principalmente na região do Mar Negro.

Empresa discorda das sanções

Uma curiosidade desta empresa é que ela é banida dos Estados Unidos. Uma publicação do Departamento do Tesouro Americano, datada de dezembro de 2021, diz o seguinte sobre a companhia aérea:

“A OFAC também está sancionando a JSC Transaviaexport Airlines (Transaviaexport), uma transportadora de carga controlada pelo Governo da Bielorrússia que enviou milhares de toneladas de munição e armas para zonas de conflito estrangeiras, como na Líbia”.

Em seu site a empresa diz não concordar com as sanções. “A adoção de medidas sancionatórias em relação às atividades da JSC Transaviaexport Airlines e de suas aeronaves Il-76 são desarrazoadas e não correspondem à realidade quanto à participação da companhia aérea em qualquer tipo de transporte aéreo proibido na aviação civil ou em violação o procedimento estabelecido e as regras para as atividades de aviação É uma medida inaceitável que mina a autoridade do sistema de aviação civil internacional”.

A outra curiosidade é que sua frota é composta por cinco Ilyushin IL-76 e um Boeing 747-300.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.