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Carga aérea seguiu em boa alta em outubro; América Latina teve a melhor evolução mensal

Cargueiros no pátio do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP)

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) divulgou hoje, 3 de dezembro, os resultados dos mercados globais de transporte aéreo de carga de outubro de 2021. Segundo o relatório, a demanda continuou bem acima dos níveis pré-crise. As restrições da capacidade, por sua vez, diminuíram ligeiramente em função da retomada dos voos de transporte de passageiros, que disponibilizam espaço para carga em seus porões.

Principais dados do período

● A demanda global, medida em toneladas de carga por quilômetro (CTK), subiu 9,4% em outubro de 2021 em relação a outubro de 2019 (10,4% no segmento das operações internacionais);

● As restrições da capacidade diminuíram ligeiramente, mas permanecem 7,2% abaixo dos níveis pré-COVID-19 (outubro de 2019) (-8,0% nas operações internacionais).

As condições econômicas continuam apoiando o crescimento da carga aérea, mas enfraqueceram um pouco em relação aos meses anteriores. Vários fatores devem ser destacados sobre esse contexto:

– As interrupções na cadeia de suprimentos e, consequentemente, os atrasos nas entregas aumentaram os prazos de entrega dos fornecedores. Com isso, os fabricantes normalmente usam o transporte aéreo, que é mais rápido, para recuperar o tempo perdido durante o processo de produção. O componente “tempo de entrega do fornecedor” do PMI, índice que mede a atividade econômica do setor de manufatura, atingiu o mínimo histórico de 34,8 em outubro – valores abaixo de 50 são favoráveis para carga aérea;

– Componentes relevantes do PMI de outubro (novos pedidos de exportação e produção da manufatura) têm sofrido desaceleração gradual desde maio, mas permanecem favoráveis;

– A proporção entre estoque e vendas permanece baixa antes dos eventos de pico de vendas do varejo no fim do ano, como o Natal. Isso é positivo para a carga aérea, pois os fabricantes recorrem à carga aérea para atender rapidamente à demanda;

– O comércio global de produtos e a produção industrial permanecem acima dos níveis anteriores à crise;

– A competitividade dos custos da carga aérea em relação ao transporte marítimo de contêineres continua favorável.

Willie Walsh, diretor-geral da IATA, disse que os dados de outubro refletem uma perspectiva geral positiva para o transporte aéreo de carga:

“O congestionamento da cadeia de suprimento continuou estimulando os fabricantes a optar pela agilidade do transporte por via aérea. A demanda aumentou 9,4% em outubro em relação aos níveis anteriores à crise. E as restrições de capacidade se resolveram lentamente, pois mais voos de passageiros significam mais capacidade de carga aérea no porão das aeronaves.

“O impacto das reações do governo à variante ômicron é uma preocupação. Se isso diminuir a demanda por viagens, os problemas de capacidade se tornarão mais graves. Depois de quase dois anos de COVID-19, os governos têm a experiência e as ferramentas para tomar melhores decisões baseadas em dados ao invés de reações impulsivas para restringir as viagens, como as que temos visto até agora.

“As restrições não impedirão a disseminação da variante ômicron. Com a reversão urgente desses erros de políticas, o foco dos governos deve ser garantir a integridade das cadeias de suprimento e aumentar a distribuição de vacinas”, disse Walsh.

Desempenho internacional por região em outubro de 2021

As companhias aéreas da África registraram aumento de 26,7% nos volumes de carga aérea internacional em outubro de 2021 em relação ao mesmo mês de 2019. Apesar de positivo, o valor representa uma deterioração em relação ao mês anterior, que havia sido de 35% de melhora sobre 2019. Ainda assim, permanece como o maior aumento entre todas as regiões.

A capacidade internacional oferecida nos aviões de carga e nos porões dos aviões de passageiros foi 9,4% superior aos níveis pré-crise, a única região com aumento.

As transportadoras da América do Norte registraram aumento de 18,8% no volume de carga aérea internacional em outubro de 2021 em relação a outubro de 2019. Esse resultado foi igual ao desempenho de setembro (18,9%). A demanda por prazos menores de entrega e as fortes vendas no varejo nos Estados Unidos estão impulsionando o desempenho das transportadoras da região.

A capacidade internacional teve uma melhoria significativa em relação ao mês anterior, quase se igualando ao período pré-Covid. O indicador em outubro de 2021 ficou apenas 0,6% abaixo do valor de outubro de 2019.

As transportadoras do Oriente Médio registraram aumento de 9,4% nos volumes de carga internacional em outubro de 2021 versus outubro de 2019, representando uma queda bastante significativa no desempenho em relação ao mês anterior, quando o aumento era de 18,4% sobre setembro de 2019. Isso ocorreu devido à queda no tráfego em várias rotas importantes, como Oriente Médio-Ásia e Oriente Médio-América do Norte.

A capacidade internacional em outubro de 2021 caiu 8,6% em relação a outubro de 2019, uma piora em relação ao mês anterior, quando a queda era de 4% sobre setembro de 2019.

As transportadoras da Europa relataram aumento de 8,6% no volume de carga aérea internacional de outubro de 2021 em relação ao mesmo mês de 2019, resultado que significa uma melhora quando comparado ao mês anterior, em que a demanda era 5,8% superior a 2019. A atividade do setor de manufatura, os pedidos e os prazos de entrega maiores dos fornecedores continuam favorecendo a demanda de carga aérea.

A capacidade internacional europeia ficou 7,4% abaixo em relação aos níveis pré-crise, uma melhoria significativa em relação ao mês anterior, que havia registrado queda de 12,8% em relação aos níveis de setembro de 2019.

As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico relataram aumento de 7,9% no volume de carga aérea internacional em outubro de 2021 em relação ao mesmo mês de 2019, resultado que representa quase o dobro do crescimento de 4% que o mês anterior havia registrado em relação a setembro de 2019. Esta melhoria foi parcialmente impulsionada pelo aumento da capacidade nas rotas entre a Europa e a Ásia, com a reabertura de várias rotas de passageiros importantes.

A capacidade de transporte de carga em voos de passageiros caiu 28,3% em outubro em relação a 2019, bem melhor do que a queda de 37,9% registrada em setembro. Com isso, a capacidade internacional da região diminuiu 12,9% em outubro de 2021 em relação a outubro de 2019, uma melhoria significativa em relação à queda de 18,9% registrada em setembro.

As transportadoras da América Latina relataram queda de 6,6% nos volumes de carga internacional em outubro de 2021 em relação ao mesmo período de 2019, o pior resultado entre todas as regiões e o único mercado abaixo dos níveis de 2019, porém, teve a maior melhoria porcentual entre todas as regiões em relação ao mês anterior, quando tinha registrado queda de 17%.

A capacidade em outubro caiu 28,3% em relação aos níveis pré-crise, ficando ainda mais restrita em relação a setembro, quando a queda tinha sido de 20,8% versus setembro de 2019.

Informações da IATA

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