Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico: autoridades portuguesas visitam o CGNA, no Rio

Imagem: Luiz Eduardo Perez/DECEA

No último dia 23, quinta-feira, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), organização militar subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), recebeu a visita da Comissão Aeronaval ao Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico.

A comemoração refere-se à primeira travessia aérea no Atlântico Sul, em uma viagem aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro, realizada por dois oficiais da Marinha portuguesa, os comandantes Artur Sacadura Cabral e Carlos Gago Coutinho.

Inicialmente a bordo do hidroavião “Lusitânia”, o deslocamento aconteceu entre os dias 30 de março e 17 de junho de 1922.

Para o percurso, além do Lusitânia, foram utilizadas mais duas aeronaves devido a problemas técnicos e percorridas 4527 milhas em 62 horas e 26 minutos sobre o Oceano Atlântico. O feito aeronáutico é visto pelos portugueses como uma importante colaboração de Portugal para o desenvolvimento da segurança na navegação aérea em todo o mundo.

Monumento ao avião “Santa Cruz”, um dos utilizados na travessia, em Belém, Portugal – Imagem: Carlos Luis M C da Cruz / Domínio Público, via Wikimedia Commons

A Comissão Aeronaval Portuguesa reúne militares da Marinha e da Força Aérea Portuguesa e foi especialmente criada para a celebração do centenário.

A comitiva de militares portugueses, que estava acompanhada pelo Diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), Tenente-Brigadeiro do Ar Rafael Rodrigues Filho, foi recebida pelo Chefe do Subdepartamento de Administração do DECEA, Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha, e pelo Chefe do CGNA, Tenente-Coronel Aviador Marcelo Franklin Rodrigues.

Na primeira parte da visita, o Tenente-Coronel Franklin fez uma apresentação na qual destacou o histórico do CGNA, sua evolução e missão: “permitir, a partir das intenções de voo, a harmonização do gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo e das demais atividades relacionadas com a navegação aérea”.

Outro assunto abordado foi o funcionamento do CDM (Collaborative Decision Making), que tem permitido que quaisquer questões sobre o tráfego aéreo sejam resolvidas com a participação dos stakeholders.

Imagem: Luiz Eduardo Perez/DECEA
Imagem: Luiz Eduardo Perez/DECEA

Outra importante ação apresentada pelo comandante do CGNA, foi o “plano de retomada Covid-19”, que contou com a criação de 44 rotas diretas entre pares de cidades para conectar o último procedimento de saída (SID) do aeroporto de origem ao primeiro ponto do procedimento de chegada (STAR) do aeroporto de destino.

Por fim, o Tenente-Coronel Franklin falou sobre o desafio do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea de contribuir com ferramentas, informações e conhecimentos para os países da América do Sul, bem como consolidar o conceito de Gerenciamento de Fluxo de Tráfego Aéreo (ATFM) na região.

Após a exposição, a comitiva visitou as instalações do CGNA e o salão operacional. O Comandante da Esquadrilha de Helicópteros portuguesa e piloto, Capitão de Fragata Hugo Miguel Batista Cabral, percebeu uma grande preocupação do Brasil em ter um bom gerenciamento do tráfego aéreo, com potencial de expansão para se constituir como um órgão de gestão na América do Sul.

“Fiquei impressionado com a forma como tratam os dados, as pessoas envolvidas e o resultado do trabalho, que permite a otimização de todo o tráfego aéreo no Brasil. Após a pandemia, o CGNA está a aumentar o transporte aéreo, que é muito mais eficiente do que o transporte terrestre, em um país com a dimensão continental do Brasil, a atividade é essencial para impulsionar e dinamizar a economia do país”, opinou.

O Vice-Almirante Antônio Manuel de Carvalho Coelho Cândido, Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, disse que apesar do tema ser mais do interesse da Força Aérea, não deixa de ser também para a Marinha. “A forma como está organizado o centro de gerenciamento, como olham para o universo estratégico, o nível operacional e as questões táticas e a pós-análise através de Business Intelligence mostram que o Brasil está na linha da frente nestas matérias”, pontuou o Vice-Almirante.

O Presidente da Comissão Histórico Cultural da Força Aérea, Tenente-General Manuel Fernando Rafael Martins, destacou a satisfação do grupo, que veio para o Brasil com a missão de divulgar e partilhar com a Marinha do Brasil e com a Força Aérea Brasileira as comemorações do Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico.

“Queremos relevar o esmero de transmitir a Comissão Aeronaval o que de melhor se faz na Força Aérea Brasileira e na Marinha do Brasil. A visita a este centro de gerenciamento permite-nos verificar as competências técnicas profissionais e o grande empenhamento e o brilho com que os jovens Tenente-Coronel Franklin e Major Bruno (Bruno Antunes Ramos – da Divisão de Operações) transmitiram sobre as capacidades instaladas na organização. Acho que isso é sinal de modernidade, de profissionalismo e um sinal de cuidado para melhorar continuamente este processo”.

O oficial falou ainda sobre o orgulho dos portugueses em perceber que o Brasil se preocupa sistematicamente com a melhoria dos processos e que, mesmo diante de desafios extraordinários, consegue superar com segurança e empenho o trabalho que é realizado. “Quero saudar esta maravilhosa equipe e agradecer também ao Brigadeiro do Ar Rodrigues Filho pelo cuidado que teve e a lembrança em trazer-nos aqui, muito obrigado”, concluiu.

Informações do DECEA

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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