CEO da Azul não espera a entrada de companhias aéreas de ultrabaixo custo no Brasil

Uma mudança no mercado brasileiro aviação, com a entrada de uma companhia aérea competidora com custos ultrabaixos, não é um cenário cogitado pela Azul, segundo seu CEO.

John Rodgerson, o CEO da empresa, afirmou durante um Fórum de Aviação promovido pela Skift, nos EUA, que o Brasil não “está ainda pronto” para o modelo de ultrabaixo custo, chamado de “Ultra Low Cost Carriers” ou “ULCC”, nos Estados Unidos da América.

Em conversa com Ale Cruz, membro do conselho da WestJet, empresa aérea canadense de baixo-custo e irmã da Azul (ambas foram fundadas por David Neeleman), ele afirmou que muitas empresas brasileiras já têm algumas práticas da “ULCC” em seus produtos, como venda de assentos, serviço de bordo mínimo, espaço reduzido entre as poltronas e outros pontos.

Mas ele afirma que um dos principais motivos é o Custo Brasil, já que no país o custo do querosene de aviação é 40% maior que nos EUA e Europa. Outro ponto citado é a questão trabalhista, já que, segundo ele, “os sindicatos colocam salário mínimos” para os funcionários através de Convenções Coletivas.

Este último ponto acaba sendo conflituoso, já que nos EUA, onde surgiu o conceito de “Baixo Custo” e também de “Ultra-Baixo-Custo”, com a Frontier e Spirit Airlines, toda questão salarial é definida em acordo com sindicatos, inclusive o mínimo.

Outro ponto citado por Rodgerson foi a questão do fechamento do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o que tem acontecido com frequência nos últimos dias com a chegada das chuvas de verão.

“Quando o Dumont fecha, nós somos responsáveis por alimentar os passageiros, dar acesso à internet, transporte e acomodação em hotéis pela noite, mesmo não sendo culpa nossa. Uma ocorrência dessa é “game-over” para uma ULCC”, afirmou o CEO.

Estes fatores fazem com que o executivo acredite que o Brasil ainda não tenha espaço e desenvolvimento suficiente para atrair e ter uma ULCC que funcione no país.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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