CEO da Boeing diz que empresa fez mau negócio ao dar desconto no novo ‘Air Force One’

E em uma conferência com investidores nesta quarta-feira (27), o executivo-chefe da Boeing, Dave Calhoun, sugeriu que a empresa não deveria ter aceitado os termos do governo Trump em 2018 sobre o novo Air Force One, que resultou numa drástica redução de custos no projeto.

À época, o próprio Trump defendia que o negócio custava muito dinheiro e que faria o possível para diminuir o valor do contrato com a fabricante, que tinha popr escopo aquisição de duas aeronaves Boeing 747-8I (VC-25B) altamente modificadas para o transporte VIP. Tais aviões substituirão os atuais 747-200, que têm mais de trinta anos. Lembrando que, sempre que o presidente dos Estados Unidos está a bordo, o avião recebe o indicativo de chamada “Air Force One” ou “Força Aérea Um”.

Segundo o Politico, o programa VC-25B Air Force One teve a maior representatividade sobre o mau resultado do segmento de defesa da Boeing, totalizando US$ 660 milhões em custos extras. Isso decorreu de atrasos no cronograma, aumento dos custos de fornecimento e custos mais altos para finalizar os requisitos técnicos. A aeronave deveria ser entregue originalmente em 2024, mas poderia estar pelo menos dois anos atrasada.

Outros US$ 367 milhões em encargos vieram do T-7, o próximo avião de treinamento a jato da Força Aérea. Restrições na cadeia de suprimentos, complicações da pandemia de COVID-19 e inflação complicaram as negociações em andamento com fornecedores, disse a Boeing.

Calhoun disse que a Boeing ainda tem alta confiança no futuro do T-7 e disse que outros programas resistiram a pressões. Mas ele lamentou o caminho que a Boeing tomou no novo Air Force One durante o governo Trump.

Em dezembro de 2016, o então presidente eleito Donald Trump tuitou que “os custos estavam fora de controle” para o preço de mais de US$ 4 bilhões do novo Air Force One e que ele queria cancelar o pedido. Em julho de 2018, a Força Aérea concedeu à Boeing um contrato de US$ 3,9 bilhões para dois novos Air Force One. A Casa Branca disse que isso representou uma queda drástica de preço em relação à proposta original para o contrato de custo mais, que era avaliado em US$ 5,3 bilhões.

Esse contrato representou “um momento muito único, uma negociação muito única, um conjunto muito único de riscos que a Boeing provavelmente não deveria ter assumido”, disse Calhoun. “Mas estamos onde estamos e vamos entregar ótimos aviões”.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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