A futura e inevitável saída do Airbus A380 da frota, sem um sucessor à altura, pode refletir em alta nos preços das passagens aéreas, alerta o CEO da Emirates.
O alerta foi dado por Tim Clark, chefe da Emirates Airline, maior operadora do Airbus A380, maior avião comercial do mundo em atividade, com mais de 110 unidades do modelo na frota. Embora nem todos estejam voando, Clark já tinha anunciado a volta aos céus de todas a frota em breve, mostrando um comprometimento de longo prazo com o gigante.
Num desenvolvimento recente, durante entrevista com o jornalista Andreas Spaeth, Clark deu mais detalhes dos planos da Emirates, que prevê um problema “lá na frente”, quando chegar a hora da saída do A380.
“Como é chegar para uma fabricante, principalmente a Airbus, e pedir um substituto um avião tão grande como o A380?”, perguntou Spaeth, que recebeu uma resposta direta de Tim Clark:
“A minha visão é que o A380 possa ser construído com as novas soluções que temos agora em termos de design, engenharia, aerodinâmica, propulsão, materiais compostos e resultar em 25% de economia do combustível em relação ao modelo atual. Porém, a Airbus falou que fazer isso subiria em 50% o preço de fabricação do gigante”, afirmou Clark.
Ele complementou falando sobre a falta que o A380 e outros jatos farão no futuro: “Não é difícil calcular que em meados de 2030 ou início de 2040, se não se fizerem algo, todos os quadrijatos irão sumir, o A380, o A340-600 e o Boeing 747. Por isso mantemos o A380 pelo tempo máximo que conseguimos. Mas, quando ele sair e a demanda subir, não terá outro avião do mesmo tamanho, a oferta cai e o preço sobe”, conclui Tim Clark.
A afirmação tem a ver com a restrição em aeroportos, principalmente aqueles mais concorridos como Londres e Nova Iorque, para receber mais aeronaves. A retirada de um A380 normalmente é substituída por dois jatos Boeing 777, que já são grandes.
Dois voos diferentes significam um custo maior de operação por precisar de mais pessoal, pagar mais taxas de sobrevoo e mais serviço de solo. Mas outro ponto são os slots, que já estão no limite em aeroportos congestionados, limitando os voos por quantidade e não tamanho da aeronave, logo o A380 se beneficia e consegue aliviar o congestionamento, coisa que dois 777 não poderiam fazer por falta de slots, levando a limitações de voos que, na “Lei da Oferta x Procura”, resulta em preços mais altos das passagens.