CEO da Latam Brasil explica por que passageiros devem pagar separado pela bagagem

Sempre muito ativo no LinkedIN, o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, publicou nesta semana um texto em que explica, do ponto de vista das empresas aéreas, a vantagem da cobrança separada pelas bagagens nos voos. Ele mesmo comenta que o tópico é polêmico e conclui dizendo que “justiça é pagar pelo que você consome! Não acredite em quem tenta defender o contrário”.

Atualmente, no Brasil, todas as principais empresas aéreas (Latam, Azul e Gol) possuem mecanismos de cobrança separada das bagagens. A Itapemirim, com atividades suspensas, chegou ao mercado com uma abordagem diferente, de manter a bagagem incluída em todas as tarifas, justamente o que Cadier critica.

Leia abaixo o artigo publicado pelo executivo da Latam.

Palavras de Cadier

Dando continuidade a série de temas polêmicos, mas que precisam ser melhor explicados pelas empresas aéreas, vou abordar mais um tema importante aos nossos clientes. 

Alguns anos atrás, o Brasil foi um dos últimos países a finalmente liberar a cobrança do despacho da mala de forma separada da passagem. Até hoje este tema ainda é motivo de discussão com alguns passageiros que consideram esta cobrança injusta.

Deixem-me tentar aqui explicar porque a cobrança separada é mais justa, razão pela qual todos os países a permitem.

Primeiro é importante entender que malas geram custo no transporte. Cada quilo transportado gera mais consumo de combustível (principal item de custo em empresas aéreas) e requer gente para embarcar e desembarcar as malas, fora a infraestrutura dos aeroportos, esteiras, caminhões, segurança, raio X…

Em qualquer voo, existem diferentes tipos de passageiros. Alguns estão viajando por muitos dias, ou se mudando, e levam consigo várias malas. Outros só levam uma mochila ou são pessoas viajando a trabalho e voltando no mesmo dia sem despachar nada. Algumas são crianças, cujas roupas estão nas malas dos pais. 

Cobrar separado faz com que cada um pague pelo que leva, sendo assim mais justo. Mas aí vem a pergunta tradicional: Mas as empresas começaram a cobrar por algo que não cobravam antes? Isto é injusto!

Mas a verdade é que nós sempre cobramos pelo despacho da bagagem. Este custo estava embutido no preço da passagem. E como não podíamos diferenciar o preço porque não sabíamos quem levava quantas malas, todos pagavam pela média de malas despachadas. 

Isto ajudava quem ia despachar muita mala, porque este pagava pouco. Por outro lado, penalizava quem viajava com pouca mala, porque este cliente pagava pelo despacho da mala dos outros.

Sei que não é simples… Mas acreditem: justiça é pagar pelo que você consome! Não acredite em quem tenta defender o contrário.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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