Em um relato detalhado, Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil, destacou as inúmeras variáveis que influenciam a pontualidade no Aeroporto de Congonhas.
Citando uma matéria no jornal Estado de São Paulo, que afirma que a AENA tem tentado convencer as aéreas a cederem slots para criar uma “gordura operacional”, a fim de aliviar o aeroporto em dias de contingência, como, por exemplo, em dias chuvosos, o CEO pontuou que os desafios começam antes mesmo de chegar ao aeroporto.
Estes desafios envolvem desde a organização do tráfego aéreo até a eficiência das “rotas no céu”. Já em solo, aspectos como infraestrutura, operações de abastecimento, movimentação de equipamentos e logística no embarque e desembarque de passageiros desempenham papéis cruciais.
“A pontualidade depende de muitas variáveis. Vai desde a eficiência das aproximações no céu até operações terrestres, como abastecimento, espaço para manutenção e a eficiência do ‘raio-x’ no aeroporto”, explicou o executivo. Ele ressaltou que elementos aparentemente simples, como a quantidade de embarques feitos por pontes ou de forma remota, têm impactos diretos no fluxo das operações.
Cadier também chamou a atenção para a influência das condições climáticas, destacando que não é apenas a chuva que importa, mas também fatores como a intensidade e a direção do vento.
“A direção do vento em Congonhas, por exemplo, é crucial. Dependendo de sua orientação, o acesso à pista pode ser muito mais complexo. E quando precisamos inverter a cabeceira, o tráfego no solo e no ar precisa ser completamente reordenado, o que inevitavelmente causa atrasos.”
Outro ponto destacado foi a restrição operacional imposta pelo “toque de recolher”, que impede que aeroportos como Congonhas operem entre 23h e 6h. “Isso significa que atrasos em horários críticos podem se tornar cancelamentos, já que não há como compensar as operações durante esse período”, afirmou.
O executivo aproveitou o relato para reiterar sua oposição ao aumento da capacidade do aeroporto de Congonhas, aprovado antes da realização de obras de infraestrutura. “Fui muito criticado quando me opus ao aumento de capacidade no ano passado, antes das melhorias necessárias. Agora estamos vivendo as consequências dessa decisão”, disse Cadier, aludindo aos impactos na eficiência operacional do terminal.
Sobre a recente colisão entre duas aeronaves da LATAM, Cadier foi breve, mas direto: “Não vou me pronunciar sobre o incidente porque precisamos esperar a investigação do Cenipa. Minha opinião aqui é irrelevante.”