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CEO da LATAM explica o motivo para o caos em Guarulhos ter durado dias

A chuva e o “apagão” nas luzes do Aeroporto de Guarulhos causaram um transtorno à aviação, mas na LATAM o impacto foi bem maior, e o CEO explica o por quê.

A forte chuva na capital paulista acabou afetando o funcionamento do sistema de balizamento (iluminação noturna) no aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (17), iniciando um caos em todas empresas aéreas, cada qual eu um certo nível.

Obviamente, a GOL e a LATAM seriam as companhias mais expostas ao problema, dado que mantém seus principais centros de operação em Guarulhos, ao contrário da Azul que utiliza Campinas e da Itapemirim, que até o final daquela tarde tinha ali seu hub, mas com uma operação em menor escala.

Das duas gigantes, a LATAM sofreu muito mais, com os problemas se arrastando pelo final de semana, com voos atrasados, cancelados, com overbooking, um mini caos-aéreo, que não se refletiu na mesma proporção ou próximo disso na concorrente GOL.

Muitos leitores do AEROIN perguntaram sobre isso, já que foram impactos muito distintos entre as empresas.

Agora, o CEO da companhia, Jerome Cardier, explicou o que aconteceu, de maneira bem didática, e como a empresa lidou com a situação, que incluiu o uso do seu maior avião em voos domésticos, algo bem comum para apenas algumas rotas.

Disse Jerome Cadier:

“Guarulhos é o hub da LATAM em São Paulo. Os voos internacionais chegam pela manhã (5h-7h) e muitos passageiros se conectam em outros voos domésticos que partem entre 8h-10h. Quando os voos internacionais não pousam no horário ou pior, como na sexta, não pousam nem em Guarulhos, muitos passageiros perdem suas conexões domésticas”.

“Além disso, muitos que iam para o aeroporto não chegaram a tempo por causa das enchentes. Os voos, então, partem de Guarulhos com os assentos desses passageiros vazios (porque não podemos esperar por eles, já que existem outros passageiros nestes mesmos voos e estes aviões têm outros voos programados naquele dia). O que nos resta fazer é buscar acomodar os passageiros desconectados em voos que partem mais tarde ao longo do dia”.

“Qual foi o grande problema da sexta passada? Era o dia de maior movimento do ano e nossos voos estavam todos lotados. Por isso, esses passageiros desconectados não conseguiram embarcar em outros voos. Isso é o que chamamos de “overbooking operacional”. Ele acontece por problemas da operação. Não é que a companhia vendeu mais assentos do que existem, é que voos atrasados geram desconexão, e aí faltam assentos. Para encaixar novamente centenas de passageiros gera-se outros atrasos e cancelamentos. É uma bola de neve”.

Mas por que vocês não têm aviões e tripulação reserva? Temos e utilizamos normalmente, mas na sexta as desconexões foram tantas que nem os reservas deram conta!

E ai? Como resolve? Botamos mais aviões para voar, inclusive aviões maiores que fazem voos internacionais nas rotas domésticas, trouxemos mais tripulantes, acomodamos os passageiros em hotéis (mais de mil quartos no final de semana), colocamos voos extras em horários onde tínhamos capacidade, abrimos flexibilidade sem custo para os passageiros dispostos a remarcar seus voos, disponibilizamos canais de atendimento exclusivos, equipes trabalharam em hora extra e os administrativos em mesa de crise que operou todo final de semana, dia e noite. E, depois de mais de 48 horas, a operação voltou ao normal.

Aviação é isso! Difícil de entender, difícil de explicar. Mas queria que soubessem que estamos dedicados de corpo e alma para cumprir o que prometemos, mesmo quando nem tudo está sob nosso controle”.

A explicação do CEO é algo raro de se ver, ainda mais que o “caos” não teve tanta repercurssão ao contrário de outros casos polêmicos mais recentes, valendo a transparência de Jerome.

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