
A queda do avião Cessna Caravan, que estava desaparecido no Alasca com 10 pessoas a bordo, teve seu relatório preliminar divulgado.
O acidente aconteceu no dia 6 de fevereiro, quando um Cessna C208B Caravan da Bering Air, matrícula N321BA, voava entre as cidades de Unalakleet e Nome, no estado do Alasca. A bordo estavam o piloto e nove passageiros, e todos foram encontrados mortos no local da queda.
Hoje, o Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA (NTSB) divulgou o relatório preliminar, com dados coletados da aeronave e dos radares na rota. Segundo o documento, por volta das 15h16 do dia 6 de fevereiro, o controlador instruiu o piloto da Bering a descer e manter 4.000 pés de altitude (1.219 metros), decisão que ficou a critério do piloto, que confirmou o comando.
Logo depois, a aeronave iniciou a descida. Aproximadamente às 15h19, o avião estabilizou-se em 4.000 pés e a potência dos motores começou a aumentar gradativamente. Nessa ocasião, a velocidade indicada era de cerca de 112 nós (207 km/h), mas estava diminuindo.
Às 15h19 e 35 segundos, o piloto automático foi desativado, momento em que a velocidade estava em 99 nós (183 km/h). Cerca de 19 segundos depois, a velocidade caiu para aproximadamente 70 nós (130 km/h), e a altitude registrava cerca de 3.100 pés (945 metros) – sendo esse o último dado disponível dos sistemas de bordo. Durante esse intervalo, a aeronave alterou seu rumo, passando de uma trajetória voltada para o oeste para outra direcionada ao sul.
Às 15h20 e 7 segundos, o controlador orientou o piloto a subir e manter 4.000 pés (1.219 metros) msl. O último ponto de dados do sistema ADS-B foi registrado às 15h20 e 9 segundos, localizando a aeronave a cerca de 32 milhas (51,5 km) a leste do aeroporto de destino e aproximadamente 12 milhas (19,3 km) da costa, sobre o Norton Sound, com altitude de 1.325 pés (404 metros).
De acordo com o manifesto de carga do operador para o voo, a bagagem, passageiros e carga totalizavam cerca de 709 libras (321 kg). Os cálculos preliminares do peso para o voo do acidente indicaram que o peso bruto de decolagem era de aproximadamente 9.776 libras (4.435 kg) – ou seja, 969 libras (440 kg) acima do limite máximo permitido para voos em condições de gelo conhecidas ou previstas, e 714 libras (324 kg) acima do peso máximo de decolagem para qualquer operação.
Após o acidente, a inspeção dos conteúdos da aeronave revelou que a bagagem e a carga pesavam cerca de 798 libras (362 kg). Com base nesses dados, o peso bruto estimado para a decolagem era de aproximadamente 9.865 libras (4.473 kg), excedendo o limite máximo em 1.058 libras (479 kg) para voos em condições de gelo conhecidas ou previstas, e 803 libras (364 kg) acima do permitido para qualquer operação.
Em uma análise na Bering Air, foi constatado que os pilotos eram instruídos a complementar o fluido antigelo da aeronave, e que no aeroporto de origem esse serviço foi oferecido por funcionários em solo ao piloto, que recusou, argumentando que o líquido estava acima do limite mínimo.
As condições meteorológicas às 15h05 apontavam céu encoberto a 5.500 pés de altitude, e às 15h45, céu encoberto a 3.200 pés de altura, indicando uma aparente “descida” no teto (topo da camada de nuvens) na região. Nos dois relatórios, a temperatura era de -12ºC, com registros de chuva e neve.
Até o momento, não está claro se foi detectado gelo ou formação de gelo nas asas do Caravan. A NTSB também afirmou que a aeronave e o motor estavam relativamente íntegros, não indicando um processo de desintegração em voo.
Um engenheiro aeroespacial sênior do NTSB conduzirá uma análise detalhada do desempenho da aeronave como parte da investigação, incluindo uma avaliação da localização do centro de gravidade do avião. O relatório preliminar está disponível neste link.