CEO de aérea se vinga, após ser expulso do país por não dar tratamento especial ao presidente

O executivo e investidor britânico Peter Hill tem cinquenta anos de carreira na aviação e é conhecido por sua passagem pela diretoria de empresas como Emirates, TAAG e Oman Air. No entanto, sua maior dificuldade talvez tenha sido liderar a companhia estatal do Sri Lanka.

Após um episódio envolvendo um presidente local, Hill foi demitido e teve o visto suspenso, mas agora ele “se vinga” ao investir e liderar uma empresa aérea nova, que vai concorrer com a ineficiente Sri Lankan Airlines.

“Carteirada”

Entre os anos de 1999 e 2008, Hill liderou a estatal do Sri Lanka. Sua carreira por lá, no entanto, acabou de forma abrupta, com a permissão do visto de trabalho revogada depois que ele se recusou a dar ao então presidente Mahinda Rajapaksa, do partido de centro-esquerda SLPP, e sua comitiva, tratamento preferencial durante uma viagem particular, em um voo lotado que sairia de Londres. 

À época, o presidente viajava num grupo de 35 pessoas e tentou ingressar num voo de volta ao seu país. O avião estava lotado e não havia mais assentos disponíveis, então, membros do governo tentaram fazer com que Hill aprovasse a retirada de outros passageiros para que a comitiva embarcasse, num pedido que foi negado e resultou na perda do emprego para o executivo, semanas depois, junto com o cancelamento do seu visto.

Caiu para cima

Após sua saída abrupta do Sri Lanka, Hill assumiu outras posições de destaque, atuando como Conselheiro do CEO da flydubai, CEO da Oman Air e Conselheiro e CEO da TAAG. Depois disso, se tornou consultor independente de aviação por 7 anos e, desde 2019, assumiu o cargo de CEO de uma empresa de telecomunicações, além de ser investidor em diversas companhias.

Como relata o site Skift, suas veias aeronáuticas ainda estão flor da pele e agora Hill está de volta ao Sri Lanka para liderar a empresa Fits Air e competir com a companhia aérea estatal, que já há muitos anos dá prejuízo e tem uma estrutura de custos ineficiente. Com as mudanças de governo, Hill reconquistou seu visto de trabalho no país, viabilizando o projeto.

A Fits Air, anteriormente uma companhia aérea de carga, iniciou suas operações de passageiros na semana passada com um voo do aeroporto internacional de Colombo para Dubai. Ela posiciona-se como uma companhia aérea de baixo custo e inicia os voos com três Airbus A320 arrendados, com 164 assentos cada. 

A Fits Air decola em um momento em que o país enfrenta a pior crise financeira em mais de sete décadas. Há também falta de combustível. Atualmente, isso não é um problema para a companhia aérea, que tem estoques de combustível que duram até dezembro, disse Hill em entrevista coletiva na semana passada, segundo o site local Island.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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