Início Variedades

Chegada das 41 ararinhas-azuis vindas da Alemanha ao Aeroporto de Petrolina foi inspecionada por auditores fiscais federais agropecuários

Embraer Lineage 1000 – Imagem: Divulgação – Air Hamburg

As 41 ararinhas-azuis que vieram da Alemanha ao Aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, no Embraer Lineage 1000 (versão executiva do Embraer 190) de matrícula D-ANNI, da empresa de táxi aéreo Vista Jet, foram inspecionadas por auditores fiscais federais agropecuários, informa o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA SINDICAL).

Cerca de 10 auditores participaram dos procedimentos de importação e inspeções para o desembarque das 41 aves (Cyanopsitta spixii) no Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho.

Imagem: Washington Luiz Junior / Divulgação: ANFFA SINDICAL

A ação, realizada em parceria com diversos órgãos, teve como objetivo a reintrodução da espécie na fauna brasileira. De acordo com o Sindicato, após a viagem da Alemanha ao Brasil, as aves ficarão por, no mínimo, três semanas em quarentena para avaliação de saúde.

A ararinha-azul é uma espécie originária e exclusiva do Brasil, especificamente da região de Curaçá e Juazeiro, no Norte da Bahia. Há um Plano de Conservação da espécie, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), organização sem fins lucrativos sediada na Alemanha, que atua como criadouro particular de espécies exóticas.

Para garantir a viagem das aves, um esquema mobilizou servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e de diversos órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão) e a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro). Também houve o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF), da Receita Federal Brasileira (RFB) e da CCR-Aeroportos.

De acordo com o Anffa Sindical, o processo de importação foi iniciado em outubro do ano passado, por meio de um requerimento enviado ao Serviço de Inspeção e Saúde Animal (Sisa-PE) e recepcionado pela auditora fiscal federal agropecuária Marta Pedrosa Maior. O documento contém todos os requisitos que devem ser cumpridos para a viagem das aves, assim como as restrições sanitárias do país de procedência. Tudo com o objetivo de evitar a entrada de pragas e doenças exóticas no país.

“Após essa etapa, solicitamos informações sobre o local de quarentena dessas aves, já que ele também tem de ser inspecionado pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO)”, explicou a auditora. A atividade foi realizada pela Adagro, também em Petrolina.

Certificadas as condições documentais e de alojamento das ararinhas, outras questões foram avaliadas. Uma delas era o voo que trouxe os animais, pois ele saiu da Alemanha, país com restrições sanitárias relacionadas à Febre Aftosa e Peste Suína Africana, doenças que não circulam no Brasil e podem colocar em risco a agropecuária nacional.

Para isso, foi realizada uma série de reuniões entre representantes do Sisa, do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e da Coordenação Geral de Trânsito, Quarentena e Certificação Animal (CQTQA).

Antes do ingresso das aves no Brasil, ainda foi realizada a inspeção sanitária das aves e das bagagens dos 11 passageiros e tripulantes da aeronave. Também foi necessária a destruição de resíduos do serviço de bordo e de produtos proibidos encontrados nos pertences dos passageiros. O foco é impedir a entrada de possíveis pragas e enfermidades no país.

Apesar de complexa e desafiadora, a operação foi um sucesso e as 41 ararinhas já estão no local de quarentena, onde ficarão de 21 a 28 dias. Neste período, será realizada a coleta de material para exames de detecção de doenças como a Influenza Aviária (IA) e Doença de NewCastle (DNC).

“Confirmando que elas estejam livres de patógenos, as aves serão autorizadas a entrar definitivamente em território nacional e serão transportadas para o Refúgio de Vida Silvestre da ararinha-azul, em Curaçá, na Bahia, sob responsabilidade da BlueSky Caatinga, que é uma organização privada de reflorestamento e geração de renda sustentável através de Crédito de Carbono”, informou o auditor fiscal federal agropecuário Washington Luiz Júnior, do Vigiagro do Vale do São Francisco (Vigi-Vale-PE).

O Projeto

De acordo com Ugo Vercillo, diretor da BlueSky, a ararinha-azul é uma espécie ameaçada por conta do tráfico de animais. O último indivíduo selvagem desapareceu em outubro de 2000. Contudo, o trabalho de reintrodução na fauna brasileira tem sido muito bem sucedido.

O grupo de 41 ararinhas que chegou no último dia 28 já é o segundo enviado pela ACTP. Em março de 2020, 52 aves chegaram ao centro e, em 2022, ocorreram as primeiras solturas. Desse grupo, 20 foram soltas na natureza e o restante está em cativeiro para reprodução.

“As aves se adaptaram bem à caatinga e tivemos 11 filhotes nascidos em cativeiro e 7 em vida livre. Todos os animais reintroduzidos são rastreados por rádio colar e as aves são monitoradas ao longo de todo o dia durante todos os dias do ano”, comemorou o diretor da BlueSky.

Do grupo recém chegado, Vercillo explica que também haverá uma avaliação sobre quais aves estarão aptas à soltura e que esse processo deve acontecer em junho. Para ele, o projeto superou as metas de conservação esperadas, como a taxa de sobrevivência ao longo do primeiro ano, e surpreendeu principalmente pelo resultado de filhotes nascidos.

“Tivemos um retardo na reintrodução de novos grupos em 2023 e 2024, mas com a chegada desse novo grupo, esperamos ter resolvido esse ponto. Agora, é fazer uma boa preparação e esperar a resposta da natureza. Se novos casais forem formados, as chances de sucesso crescem significativamente”, finalizou.

Informações do ANFFA SINDICAL

Sair da versão mobile