
A Lao Airlines, a companhia aérea estatal do Laos, está em processo de incorporação do jato regional C909 fabricado pela chinesa COMAC.
A informação foi dada por um porta-voz da empresa à agência Reuters. Com esse passo, o Laos se junta a uma lista crescente de países do sudeste asiático que estão avaliando ou avançando na adoção de aviões comerciais de origem chinesa.
Fotos publicadas nas redes sociais por funcionários da Lao Airlines mostraram um grupo de trabalhadores participando esta semana de um programa de treinamento no Centro de Capacitação de Clientes da COMAC em Xangai. De acordo com a Reuters, a companhia aérea com sede em Vientiã espera receber seu primeiro C909, antigamente conhecido como ARJ-21, até o final de março.
Além do pessoal da companhia aérea, publicações nas redes indicam que representantes da autoridade de aviação civil do Laos também participaram de sessões de treinamento durante este mês. No entanto, a Administração de Aviação Civil do Laos (DCAL) e a COMAC não responderam às solicitações de comentários feitas pela Reuters sobre o processo de certificação do modelo no país.
A companhia aérea também publicou um vídeo em sua redes sociais sobre um anúncio iminente “que marca o início de uma nova era”, e embora não tenha dado detalhes, no vídeo é possível ver a silhueta do C909, bem como o nome da marca.
O Laos já opera aviões turboélices Xian MA60, também de origem chinesa, e, de acordo com a Reuters, um memorando assinado em 2010 entre as autoridades aeronáuticas da China e do Laos permite que o último reconheça as certificações de design de aeronaves emitidas por Pequim, o que pode facilitar a introdução do C909 sem necessidade de validação adicional.
Sua frota é composta por quatro ATR 72-500, três ATR 72-700 e cinco A320, com os quais cobre uma rede de cinco destinos no Vietnã, sete na China, dois na Tailândia e Seul, na Coreia do Sul.
Histórico do C909
A Indonésia é até agora o único país fora da China que já opera esse modelo, através da companhia aérea TransNusa. Enquanto isso, a startup GallopAir, com sede em Brunei, fez um pedido de 15 unidades do C909 e 15 do C919 em 2023, sendo essa a primeira encomenda internacional para o modelo de corredor único da COMAC. No entanto, Brunei ainda não autorizou a operação desses aviões.
O interesse regional por aeronaves de fabricação chinesa cresce em paralelo ao avanço da COMAC na produção de modelos como o C909 e o C919, em um mercado historicamente dominado por fabricantes ocidentais como Airbus e Boeing.
Dados do Cirium Fleet Analyzer coletados pelo portal parceiro Aviacionline mostram que atualmente há 151 COMAC C909 operando voos regulares de passageiros. A Air China e a China Southern têm as frotas maiores, com 34 aeronaves cada uma, seguidas pela Chengdu Airlines com 31, China Eastern com 26, China Express com 11, Genghis Khan Airlines com 7, Jiangxi Air com 5 e TransNusa com 3.
Quanto ao C919, há apenas 16 em operação no momento: 10 na China Eastern, 3 na Air China e 3 na China Southern. Vale notar que o projeto do C909 é feito a partir do americano MD-80 da McDonnell Douglas, o qual vendeu os direitos de fabricação para a COMAC, que modernizou aeronave em parceria com a ucraniana Antonov, que ficou responsável pelo fornecimento das novas asas. Os motores também foram trocados e agora são o General Eletric CF-34, também de fabricação americana.