A rede de pesquisa chinesa South China Sea Probing Initiative (SCSPI), uma organização que acompanha temas de interesse econômico, político e comerciais relacionados ao Mar da China Meridional, lançou uma acusação sobre os Estados Unidos usarem um avião militar RC-135W utilizando um código de identificação de uma aeronave civil da Malásia. A situação é considerada de alto risco pois pode levar os órgãos de defesa aérea a confundirem aeronaves civis e militares, e provocarem uma ordem de abate.
Segundo o SCSPI, a aeronave militar norte-americana foi observada em 8 de setembro entre as ilhas chinesas de Hainan e Paracel. Estas últimas tiveram a soberania de Pequim questionadas pelos Estados Unidos, já que o território também é disputado por Taiwan e Vietnã.
O RC-135W havia sido identificado na Base Aérea de Kadena, em Okinawa, no Japão. Pouco depois, os radares chineses receberam sinais de identificação de uma aeronave de passageiros de origem malaia sobre o mar chinês. O trajeto do avião não era o tradicional e indicava uma espécie de “patrulhamento” da região, tendo desaparecido quando cruzou o espaço aéreo das Filipinas.
In the same place, at the same time, another plane appeared heading toward China at the same time the RC-135 went dark, using an ICAO hex assigned to Malaysia (#07675C); suggesting it was a Malaysian plane, flying around the Chinese EEZ, with a fictional call sign of #EWMRV31 pic.twitter.com/yAXc76AiJY
— Steffan Watkins 😷 (@steffanwatkins) September 10, 2020
Durante o voo, aeronaves utilizam sinais hexadecimais que fazem parte do seu registro na Organização Internacional da Aviação Civil Internacional (OACI). Os códigos são transmitidos via transponder e funcionam como um número de identificação da aeronave no ar. Eles servem como a base de segurança da aviação civil para evitar colisões e erros de identificação das aeronaves.
Ao longo de julho, um outro RC-135W americano sobrevoou a mesma região usando código transpoder civil. A prática de usar códigos de transponder falsos para disfarçar seus aviões espiões é uma prática comum na Força Aérea dos Estados Unidos, segundo a organização chinesa, com várias ocorrências registradas em 2019 e em outros países do mundo em diferentes ocasiões.
Autoridades da Malásia disseram estar perplexas com a notícia. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal malaio Free Malasya Today, o disfarce não condiz com a postura militar dos Estados Unidos na região, já que o país não tem motivos para querer esconder sua presença no local e, se o quisesse, teria melhor meios de fazer isso. O Governo norte-americano não se pronunciou.