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Chineses teriam enviado cálculos errados para o projeto do motor do jato C919

O desenvolvimento do avião de corredor único COMAC C919, da China, já com pelo menos cinco anos de atraso, pode estar enfrentando um problema ainda mais profundo do que os diversos já conhecidos.

COMAC C919

A COMAC (Commercial Aircraft Corporation) enfrenta há anos uma série de problemas técnicos que restringiram severamente os voos de teste. Atrasos são comuns em programas aeroespaciais complexos, mas o progresso especialmente lento é um constrangimento potencial para a China, que investiu pesadamente em sua primeira tentativa séria de romper o controle da Boeing e da Airbus no mercado global de jatos.

O problema mais recente diz respeito a erros matemáticos, segundo informações divulgadas pela Reuters de acordo com quatro pessoas com conhecimento do assunto.

Os engenheiros da COMAC calcularam mal as forças que os dois motores do avião sofreriam em voo – conhecidas na indústria como cargas – e enviaram dados imprecisos ao fabricante de motor, a CFM International.

Como resultado, o motor e sua carcaça podem ter que ser reforçados, disseram as pessoas, provavelmente às custas da COMAC – embora outra fonte tenha negado qualquer modificação.

Essa e outras falhas técnicas e estruturais significaram que, no início de dezembro, após mais de dois anos e meio de testes de voo, a COMAC havia completado menos de um quinto das 4.200 horas no ar necessárias para a aprovação final pela Administração da Aviação Civil da China (CAAC), duas pessoas próximas ao projeto disseram à Reuters.

Tudo às escondidas

A COMAC, que desenvolve o C919 em grande parte em segredo desde 2008, raramente divulga suas metas.

Um funcionário da empresa, Yang Yang, disse à imprensa estatal chinesa em setembro que esperava a certificação pelos reguladores do país em dois a três anos, sem dar mais detalhes. A meta anterior declarada publicamente da empresa era final de 2020. Outros funcionários da COMAC disseram que pretendem obter certificação e entrega em 2021.

Uma fonte ainda disse à Reuters que a COMAC ainda não finalizou os cálculos e dados corretos a serem enviados ao fabricante do motor, essenciais para garantir que o motor não falhe sob cargas pesadas. Outra fonte teria dito que o cálculo de carga geralmente evolui durante o desenvolvimento do projeto.

Mas, dada a incerteza, não há garantia de que a COMAC cumpra a meta de Yang de 2021-2022, disseram à Reuters pessoas próximas ao programa.

“As coisas nem sempre funcionam como planejado, mas espero que a COMAC diminua um pouco e tente não apressar as coisas”, disse uma das fontes familiarizadas com a questão do motor à Reuters. “Caso contrário, haverá toneladas de problemas mais tarde.”

A COMAC não respondeu aos pedidos da Reuters de comentar esta história. A CFM, uma joint venture entre a General Electric e a francesa Safran, não quis comentar.

Confira na matéria a seguir outro problema que o C919 já havia enfrentado por falhas na condução de seu projeto:

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