
Uma matéria publicada em primeira mão pelo jornal Seattle Times neste domingo (27), ilustra mais um forte revés para a Boeing. Uma carta, datada de 13 de maio, e vista pelos jornalistas, revela que a FAA informou à Boeing que o programa de certificação do seu projeto 777X será atrasado em mais de dois anos, provavelmente visando a uma liberação do tipo para o final de 2023.
O projeto per se já está atrasado em dois anos. Essa nova postergação empurraria o lançamento comercial do modelo para uma data quatro anos após o cronograma original. Esse atraso extra indicado pela FAA serviria para que uma nova e grande bateria de voos e testes-extra fossem realizados.
Para justificar a decisão, a FAA teria citado uma longa lista de preocupações, diz o Seattle Times, incluindo um grave incidente de controle de voo durante o teste realizado em 8 de dezembro de 2020, quando o avião experimentou um “evento de inclinação não comandada” – significando que o nariz da aeronave inclinou-se abruptamente para cima ou para baixo sem intervenção dos pilotos.
A carta foi assinada por Ian Won, da FAA que avalia se a Boeing atendeu a todos os padrões regulatórios. Ele também disse à Boeing que um sistema crítico de aviônicos proposto para o avião não atende aos requisitos de segurança da agência.
“A aeronave ainda não está pronta”, escreveu Won. “Os dados técnicos exigidos para a certificação de tipo não chegaram a um ponto em que pareça que o projeto do tipo de aeronave está maduro e pode-se esperar que atenda aos regulamentos aplicáveis”.
Mais detalhes sobre o que exatamente ocorreu naquele teste de voo não foram revelados, mas é de se esperar que a FAA siga uma linha muito dura na certificação do modelo, para evitar uma situação parecida com o que ocorreu com o 737 MAX. Lembrando que o projeto 777X também começou e foi conduzido, em sua maior parte, durante a gestão anterior da Boeing, tida como tóxica e preocupada com o acobertamento de problemas.
As cenas dos próximos capítulos serão de suspense para a fabricante americana.