Com imposto de 75% sobre compras no exterior, setor aéreo da Argentina deve patinar: IATA

Boeing 73-800 da Aerolíneas Argentinas

A decisão do governo argentino de aumentar os impostos sobre a renda e sobre bens pessoais em compras ou serviços feitos com cartões de crédito ou débito no exterior, continua a provocar críticas por parte do setor aéreo.

No caso das compras em cartões, a medida entrou em vigor na última quinta-feira (14), elevando o percentual do imposto de 35% para 45%, o que, complementado com os 30% do chamado PAIS (acrônimo de “Para uma Argentina Inclusiva e Solidária), significa que os contribuintes argentinos têm uma sobretaxa de 75% em suas compras internacionais.

Na tarde da última sexta-feira (15), a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) fez um comunicado, alertando para o risco de que isso possa causar uma maior contração da demanda por viagens internacionais em um momento em que o mercado está se recuperando após a pandemia.

A incerteza no mercado e a imposição desse tipo de medida de forma inesperada e sem consulta prévia significa que as companhias aéreas que operam na Argentina são obrigadas a reduzir frequências de voos e conectividade com outros destinos, justamente no momento em que o restabelecimento da conectividade internacional do país está no caminho certo“, destacou a IATA, enfatizando que um forte desequilíbrio entre a demanda de e para a Argentina colocaria em risco os voos atuais e faria com que as companhias aéreas decidam usar suas frotas em outros destinos.

Nesse sentido, conforme noticia o Aviacionline, foi detalhado que antes da pandemia a composição do mercado era relativamente equilibrada (50/50), mas que nos últimos dois anos a origem das vendas de voos internacionais passou para 60% dos bilhetes vendidos na Argentina versus 40% no exterior.

Estamos preocupados de que o governo argentino continue a impedir que seus cidadãos acessem viagens aéreas internacionais. Sabemos que a demanda existe e as companhias aéreas estão dispostas a fornecer uma oferta de assentos que atenda viagens a negócios e lazer. No entanto, se o ambiente de negócios se deteriorar ainda mais, as companhias aéreas mudarão para outros lugares, especialmente em um momento de altos preços de combustível e escassa disponibilidade de recursos. A Argentina corre o risco de perder a conectividade internacional que acabou de recuperar após a pandemia”, disse Peter Cerdá, vice-presidente regional da IATA para as Américas.

A associação também destacou como, de acordo com o Índice de Desenvolvimento de Viagens e Turismo 2021, a Argentina é um dos países mais difíceis de fazer negócios. “No subcomponente Ambiente de Negócios, que se refere à facilidade de fazer negócios, a Argentina está posicionada como país número 116 de 117, superada apenas pela Venezuela. Ou seja, fazer negócios na Argentina já é caro e vai piorar neste setor, que contribuiu com 2,1% para o PIB local em 2019”, concluíram.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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