
A companhia aérea francesa Amelia, em parceria com a Thales e a Breakthrough Energy Contrails (BEC), está ampliando um bem-sucedido teste de tecnologia para evitar a formação de contrails (rastro de condensação) durante os voos.
A inicial fase do projeto, que aconteceu em 2024, demonstrou a capacidade de reduzir a produção de contrails sem aumentar significativamente outras emissões de gases de efeito estufa.
Anunciado durante a conferência Future Opportunities for Seaplanes and Amphibious Aviation 2025 (FOSAA25) em Miami, o teste envolveu o uso do hidroavião eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) da Tidal Flight e foi marcado pela inclusão de 20 aeronaves para coleta de dados na pesquisa de eficiência. Agora, a companhia ampliará a implementação desta tecnologia em uma gama maior de voos regionais e intercontinentais.
A nova tecnologia, chamada Flight Footprint, analisa as condições meteorológicas antes da decolagem e determina se há áreas propensas à formação de contrails em um plano de voo.
Caso identifique uma possível formação, o sistema sugere rotas alternativas, principalmente ajustando a altitude da aeronave, ao invés de alterar a trajetória lateral. Embora isso possa implicar em voar a altitudes sub-ótimas para a eficiência do motor, a redução na formação de contrails torna a modificação válida em termos de impacto climático.
Durante os testes realizados em 2024, foram sugeridas alterações em cinco dos 50 voos em que o sistema foi aplicado, resultando em uma economia de cerca de 20 toneladas de CO2 equivalente. Os resultados indicam que um nível de modificação de cerca de 10% pode ser viável no futuro.
A ampliação da parceria entre Amelia e Thales não vem sem desafios. O maior deles é a “janela de tempo muito limitada” que o centro de controle operacional possui para decidir sobre as mudanças no plano de voo.
O timing da decisão é crucial, pois uma alteração muito antecipada pode se basear em previsões meteorológicas imprecisas, enquanto um atraso pode impossibilitar qualquer modificação.
Cynthia Oliveira, Diretora de Atendimento Aeroportuário da companhia, e Julien Lopez, da divisão de aviação da Thales, expressaram que a integração de novas práticas no dia a dia dos pilotos também é necessária. “Por décadas, temos incentivado as tripulações a voar o mais alto possível para reduzir o consumo de combustível. Portanto, é uma mudança significativa na forma como as tripulações operam esses voos”, explicou López.
A colaboração entre Amelia e Thales demonstra um compromisso forte com a redução das emissões e a sustentabilidade na aviação. Como as mudanças nas operações e a adoção de tecnologias de mitigação se tornam cada vez mais relevantes no setor, essa parceria ajuda a pavimentar o caminho para soluções mais inovadoras e sustentáveis, visando melhorar a eficiência do transporte aéreo e reduzir o impacto ambiental da aviação.