Com redução de 20% da frota, Air France-KLM deve dar fim prematuro ao A380

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O grupo Air France-KLM comunicou ao mercado nessa semana que planeja uma redução de oferta de pelo menos 20% para o próximo ano em relação ao final do ano passado. Em outras palavras, a empresa deve reduzir sua frota nessa mesma porcentagem, e uma das “vítimas” deve ser o Airbus A380.

Avião Airbus A380 Air France
Divulgação / Air France

O executivo-chefe do grupo, Ben Smith, disse nessa semana que a Air France-KLM deve encolher de tamanho, a exemplo do que outras grandes empresas também estão fazendo, como a Lufthansa, United Airlines e American Airlines, etc.

Além da redução orgânica imediata, o executivo mencionou que tanto a Boeing quanto a Airbus se aproximaram do grupo nas últimas semanas sugerindo a postergação de entregas de aeronaves “widebody“, como o A350 e o 787, para 2021. A oferta das fabricantes foi motivada pelo fato de as produções terem sido total ou parcialmente suspensas ao longo dos últimos meses devido às epidemias nas zonas de produção. Segundo o grupo franco-holandês, o pedido foi bem recebido, já que ela dificilmente teria como absorver tais aeronaves nesse momento.

Atualmente, segundo informações das fabricantes, a Air France-KLM tem 33 A350 e onze 787 ainda a receber. Além desses, o grupo possui pedidos para 60 A220 e 21 Embraer E2, no entanto, para essas aeronaves menores, não há previsão de postergação, já que elas substituirão aeronaves mais antigas imediatamente, na medida em que forem entregues.

Bye A340, 747 e… A380

O grupo já havia divulgado anteriormente um plano de aposentadoria acelerado para os A340 da Air France e o Boeing 747 da KLM mas Smith falou na conferência que a Air France-KLM também está avaliando uma retirada mais rápida para os A380 restantes. 

O plano original previa a retirada dos super-jumbos para 2022, mas o coronavírus pode ter feito mais uma vítima e não se sabe se eles retornarão à frota. Isso porque a empresa espera um retorno muito lento aos patamares anteriores à crise, de modo que a recuperação completa deve acontecer dentro de dois anos, período em que o plano de aposentadoria dos A380 chega na maturidade.

A340 da Air France – Foto de Eric Salard via Wikimedia Commons

Pacote de salvação

Como mencionamos há poucas semanas, o governo da França facilitou para a Air France um pacote de injeção de liquidez no valor de € 7 bilhões – incluindo garantias e um empréstimo direto aos acionistas – que, diz Smith, será finalizado nos próximos dias. Enquanto isso, estão em andamento com as autoridades holandesas um pacote de suporte de 2 a 4 bilhões de euros para a KLM. 

A novidade na história é que os governos holandês e francês já deixaram claro que não exigirão mais a separação das duas empresas, como antes cogitou-se.

Mesmo assim, o executivo diz que haverá necessidade de ajuste de operações para garantir a sustentabilidade do negócio. Questionado sobre cortes, Smith diz que se reunirá com os sindicatos em junho para discutir a transformação do grupo e “a melhor forma de lidar com a atividade muito mais baixa” após a crise – ou seja, haverá cortes em massa, mas ele não explicitou o tamanho.

A Air France-KLM sofreu um prejuízo operacional de 815 milhões de euros no primeiro trimestre. Espera uma perda operacional “significativamente maior” no segundo trimestre, já que o grupo está perdendo cerca de € 400 milhões por mês.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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