Pela segunda vez em um mês, o recorde de voo comercial mais longo do mundo será batido. Para tal, o novíssimo Boeing 787-9 da Qantas, matrícula VH-ZNJ, partiu de Los Angeles para Londres nessa quarta-feira, para preparar-se para o voo mais longo do mundo com passageiros a bordo, que decola na quinta, 14 de novembro.
Como parte do chamado Projeto Sunrise, a Qantas está fazendo uma série de testes na tentativa de lançar voos diretos ultra-longos entre a costa leste da Austrália e vários destinos no mundo como Nova Iorque, Londres e até o Rio de Janeiro, como a empresa já declarou anteriormente. Hoje, o voo mais longo da companhia aérea é feito com o Boeing 787 entre Londres e Perth.
Há menos de um mês, a mesma empresa fez um voo de 8.646 milhas náuticas entre Nova Iorque e Sydney, quebrando pela primeira vez o recorde. Agora, o plano é ir mais longe levando passageiros num voo non-stop de 9.188 milhas náuticas, entre Londres e a cidade mais importante da Áustralia, segundo informações do GCMaps.
A aeronave está programada para partir de Londres amanhã às 6h20 da manhã em Londres (2h20 de Brasília) no voo QF7879. Após quase 20h de voo a 900 km/h, ela deve chegar à Sydney às 12h da sexta-feira. Não por coincidência, voo aterrissa um dia antes do aniversário da Qantas, que completa 99 anos.
Enquanto isso, os passageiros precisarão ficar confortáveis em seus assentos para a jornada épica. Com 42 assentos na cabine da classe executiva, é improvável que alguém esteja sentado nas seções econômicas do voo. Embora o voo de teste tenha essa característica, quando a operação regular for iniciada (em 2023, se tudo der certo), o avião terá três classes de serviço.
Otimização em tudo
Como não há uma aeronave capaz de perfazer rotas tão longas quanto Londres – Sydney com sua capacidade total de carga, a Qantas está sendo forçada a operar os voos de teste usando seus Boeing 787-9 Dreamliners, que decolam com carga mínima, a fim de maximizar o alcance da aeronave. No entanto, em vez de deixar uma aeronave fora de serviço para operar os testes, a Qantas tem executado um plano inteligente.
Isso porque a empresa tem usado aeronaves novas de fábrica, recém-chegadas, para esses voos. No caso, o VH-ZNJ, que baterá o recorde amanhã, foi entregue à Qantas em 8 de novembro e, desde então, esteve no hangar da empresa em Los Angeles, apenas esperando a data do voo histórico.
Num voo de entrega tradicional, a aeronave seria levada vazia da fábrica da Boeing para Sydney. No entanto, nesse caso, a Qantas levou-a para Londres. Após a chegada, a aeronave será preparada para sua maratona rumo à Sydney. A bordo, estarão dois membros da mídia, tripulação, pesquisadores, um punhado de pessoas que serão as “cobaias”, além é claro do CEO da Qantas, Alan Joyce (que está em todas).
Era dos voos ultra-longos
O Projeto Sunrise da Qantas tem como objetivo principal testar a viabilidade para a operação de voos regulares ultra-longos e diretos da costa leste australiana (saindo de Brisbane, Sydney e Melbourne) para Londres e Nova Iorque. O Rio de Janeiro também está na lista mas não é a prioridade inicial da empresa. Tratam-se de voos muito longos, com 19h, 20h e até 21h de duração.
Para tornar isso possível, já que nenhuma aeronave comercial atual tem tamanha capacidade, a empresa desafiou a Airbus e a Boeing a oferecerem um novo modelo que tornem viáveis estas rotas, seja no quesito técnico de alcance como capacidade mínima de passageiros, a fim de deixar o voo rentável.
Enquanto a Airbus trabalha no A350-1000ULR e a Boeing no 777X para atender esta demanda, a Qantas já quer começar a testar os efeitos destes futuros voos nas pessoas a bordo. A decisão da Qantas pelo modelo a ser usado nesses voos ultra-longos está prevista para esse ano.
Atualização: já está em rota o voo. Ao longo de toda essa quinta-feira, o Boeing 787 estará no ar e pode ser acompanhado no radar:
