Comandante de avião fica incapacitado em voo após respirar muito oxigênio

Imagem: Qantas

O piloto de um Boeing 737 cargueiro da empresa australiana Qantas ficou temporariamente incapacitado depois de ingerir muito oxigênio durante o uso de sua máscara de emergência. Diante dos eventos, o copiloto declarou “Mayday” ao controlador de tráfego aéreo e seguiu para um pouso de emergência.

Essa conclusão consta do relatório da investigação conduzida pela Australian Transport Safety Bureau (ATSB), órgão responsável pela análise de acidentes na Austrália, sobre um voo da Qantas Freight de Brisbane para Melbourne, em 15 de agosto de 2018, e que teve um problema de pressurização, relata o The Sydney Morning Herald.

Falta de ar ou excesso

Durante a viagem de menos de uma hora, o avião encontrou vários problemas técnicos, que não puderam ser resolvidos com as checklists. Tais problemas incluíram um potencial superaquecimento na asa direita. Enquanto o cargueiro avançava em sua rota, os pilotos notaram que a pressão na cabine também estava reduzindo e ambos começaram a se sentir mal pela falta de oxigênio.

Eles optaram por colocar as máscaras de emergência, mas o comandante começou a engasgar e tombou para a frente, enquanto se mostrava ofegante. O copiloto lembra de ter chamado pelo comandante, mas não teve resposta e, nesse momento, resolveu declarar “Mayday”, pedindo ao controlador prioridade máxima para pouso.

Felizmente, durante a descida de emergência e na medida em que o avião atingia altitudes menores, onde o ar é mais denso, o comandante conseguiu se recuperar e ambos removeram as máscaras.

No entanto, dado o estresse do momento, embora o piloto houvesse se recuperado, era o copiloto quem se mostraria incapacitado por um estado de ansiedade e estresse elevado. Por conta disso, ele não teve atuação no pouso e o comandante veio a aterrissar a aeronave em Canberra, em segurança.

Constatações

O relatório sobre o incidente descobriu que a solução para os alertas iniciais, proposta pela tripulação, resultou na queda na pressão da cabine. Durante as inspeções mecânicas pós-voo, foram encontradas algumas falhas na aeronave que provocaram a queda na pressão da cabine.

Durante o processo, o comandante selecionou a configuração de “alto fluxo” na máscara de oxigênio, resultando na inalação de oxigênio pressurizado em excesso. Isso causou o engasgo, levando à incapacitação temporária. Os investigadores também descobriram que os sintomas do primeiro oficial eram consistentes com hiperventilação de um estado de ansiedade elevado.

“Os engenheiros de manutenção identificaram uma série de problemas com as válvulas de drenagem da cabine, a vedação da porta e a vedação inferior do duto da unidade de energia auxiliar, que afetaram a capacidade da aeronave de manter a pressão da cabine”, disse o diretor de segurança de transporte da ATSB, Stuart Macleod .

“Esta ocorrência é um lembrete para as tripulações dos riscos de lidar com problemas que não são resolvidos usando os procedimentos aprovados nas lista de verificação”, disse Macleod. “Mudanças na configuração de um sistema de aeronave podem induzir outros efeitos devido a componentes subjacentes inutilizáveis ​​que podem não ser imediatamente aparentes”.

O relatório disse que a operadora implementou uma série de mudanças em seu programa de manutenção após o incidente.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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