Começam as audiências no julgamento da disputa entre Qatar e Airbus

A Suprema Corte de Londres abriu hoje as audiências no julgamento entre Qatar e Airbus, no qual estão em jogo bilhões de dólares devido aos problemas com o A350, relata o site parceiro Aviacionline.

Durante a audiência, a companhia aérea solicitará a prorrogação de uma liminar para que a fabricante não possa rescindir o contrato de cinquenta A321neo. A Airbus tomou essa decisão em retaliação à recusa do Qatar em receber os A350. 

Segundo o gigante europeu, a ruptura nas relações é tão profunda que tem os ingredientes de “um divórcio corporativo”. Esta semana, chegou mesmo a decidir não entregar um A350 à companhia aérea, alegando que a recusa de o receber “dá direito a rescindir o contrato” e colocar o avião com outro cliente.

O Qatar já aterrou 23 de seus A350 devido a preocupações com a aeronavegabilidade do modelo pela degradação da pintura. A companhia aérea também não aceitará mais entregas até que haja uma solução para o problema.

O fabricante, por sua vez, reconheceu que existem certos “problemas de qualidade” em algumas aeronaves do tipo, mas insiste que estão dentro das tolerâncias de segurança. Além disso, salientou que a EASA afirmou repetidamente que o modelo é aeronavegável e destacou que outras companhias aéreas continuam a operá-lo.

Alguns executivos seniores de companhias aéreas que operam o A350 – ouvidos pela Reuters – disseram que “não compartilham da preocupação do Catar” sobre a aeronavegabilidade do A350. No entanto, eles expressaram que estão alarmados com a magnitude da disputa.

“Não é bom para a indústria. Ambos deveriam deixar de lado os tribunais e chegar a um acordo”, disse o CEO de um cliente da Airbus, que pediu para não ser identificado.

Para decidir sobre a liminar, o tribunal terá que analisar a veracidade dos argumentos do Qatar de que o A321neo é uma aeronave “única”. O CCO da Airbus, Christian Scherer, havia dito no ano passado que o A321neo tinha “capacidades e economia operacional incomparáveis”. No entanto, em seus documentos judiciais, a Airbus disse que a companhia aérea poderia substituir os A321neos pelo Boeing 737 MAX, encomendado em dezembro.

A Qatar Airways, por outro lado, revelou detalhes – normalmente bem guardados até o comunicado de imprensa – dos planos para seu A321neo. Entre outros, mostrou que planejava incorporar banheiros semelhantes aos presentes a bordo do A380.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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