Aeromoça diz que foi sequestrada por hotel, mas vídeo na praia a complica

Receba essa e outras notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Uma comissária de bordo da JetBlue acabou ficando enrolada na própria história depois de comover uma parte do seu país e o conto se provar uma fraude.

Tudo começou depois que Kalina Collier relatou nas redes sociais que estava sendo mantida refém dentro de um hotel na Jamaica. Ela havia chegado à ilha em 28 de janeiro e deveria estar em um voo de volta em 1º de fevereiro, mas isso não ocorreu.

Antes de retornar, ela teve que fazer um teste-rápido de Covid-19, que deu positivo. Depois, fez um segundo, que deu negativo, mas o governo insistiu que a discrepância fosse resolvida com um PCR, que se mostrou positivo, no dia 2.

O Ministério da Saúde local tem uma regra que torna a quarentena de 14 dias mandatória em casos como o da comissária, então ela teria que ficar por esse período isolada no hotel Ocean Coral Spring, onde ela estava hospedada. A companhia aérea, sua empregadora, foi informada do caso da comissária, e tudo estava sob controle.

No entanto, parece que a moça não estava satisfeita.

Querendo se livrar da quarentena, em 4 de fevereiro, ela decidiu “contar sua história” a todo o público numa live do Instagram, onde alegou que estava “sendo mantida refém do hotel e pediu a seus seguidores que ligassem para a embaixada local, autoridades de imigração nos Estados Unidos e estações de notícias em Nova Iorque e os fizessem cientes da situação dela”.

Dentre as acusações, estaria um suposto suborno pago pelo governo para que o hotel a mantivesse detida. Ela também alegou que estava sendo privada de comida e que os funcionários do hotel colocaram câmeras escondidas em seu quarto – ela apontava para os sprinklers (dispositivos acionados em caso de fumaça e que liberam água para conter incêndios).

Reprodução Instagram

Seu vídeo se tornou viral e centenas de milhares de pessoas interagiram. O caso causou comoção e resultou nas hashtags #WhereIsKalina e #SaveKalinaCollier nas redes sociais. Vários influenciadores digitais aderiram ao apelo da moça e pediram que ela fosse liberada.

No entanto, no mesmo dia 4, algo aconteceu. Kalina publicou um post em seus Stories do Instagram, mas rapidamente o removeu, provavelmente alertada sobre a gafe. Mas não sem antes alguém conseguir copiar o conteúdo e publicar nas redes sociais, mostrando que ela não parecia estar tão mal assim.

Nas imagens (abaixo), Kalina aparece fazendo pose para a câmera, de biquini e com uma praia ao fundo. Ela parece não apresentar os sintomas da Covid, não usa máscara e tem olhar sereno, longe daquele clima de aflição que ela relatara no vídeo horas antes.

A polícia da Jamaica e o governo questionaram duramente a versão da jovem e provaram que ela teve um PCR positivo e que deveria estar isolada. Sem escapatória, ela confessou que estava bem, não foi sequestrada e não era refém. Ela então completou a quarentena e voou para casa.

A mentira não ficou barata. Ela foi despedida da JetBlue, reportaram as mídias ao redor do mundo. A empresa aérea emitiu uma nota dizendo que “após uma investigação, informamos que o tripulante em questão não está mais com a JetBlue. Continuamos a oferecer nossas desculpas pela frustração e preocupação que este incidente causou e reiteramos nossa confiança nos protocolos de saúde que a Jamaica implementou”.

O CEO da JetBlue, Robin Hayes, também emitiu um pedido de desculpas pessoal ao Governo da Jamaica e ao povo da Jamaica.

EM RESUMO: tem gente com o dom de transformar uma história séria em algo rocambolesco e levar uma situação controlada a algo totalmente exacerbado. A demissão certamente lhe servirá de lição e a mentira deverá perder espaço em sua vida.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias