Um comissário de bordo gay e católico, demitido da United Airlines após afirmar a um colega durante um voo que “homens não dão à luz, mulheres não têm pênis”, conseguiu arrecadar dinheiro suficiente por meio de uma campanha no GoFundMe para processar a companhia aérea com sede em Chicago por demissão injusta.
Ruben Sanchez, um comissário de bordo veterano que trabalhou para a United Airlines por quase 28 anos antes de ser demitido de forma repentina em janeiro de 2024, sustenta que a companhia se tornou “cada vez mais hostil” com funcionários que mantêm crenças religiosas tradicionais ou políticas conservadoras.
A história de Sanchez e suas alegações de discriminação por parte da United vieram à tona em novembro de 2023, quando ele iniciou sua arrecadação para custear a luta legal. Apesar de ter enfrentado meses de “angústia e estresse”, Sanchez declara que não busca “vingança, retaliação ou causar danos econômicos” à United, mas apenas quer seu emprego de volta.
Acreditando que sua luta jurídica é aquilo que “Deus quer que eu faça”, Sanchez agora processou a companhia aérea em um tribunal distrital da Califórnia, com a United Airlines e o sindicato dos comissários de bordo sendo réus na ação.
Descrevendo-se como um católico romano abertamente gay, Sanchez chamou a atenção de seus superiores por alegadas crenças homofóbicas e transfóbicas em maio de 2023, após ter uma conversa privada com um colega durante um voo noturno de Los Angeles a Cleveland.
Durante a conversa, Sanchez admite ter discutido temas da teologia católica, como casamento e sexualidade, dentro do contexto do “Mês do Orgulho”, evento no qual a United participa ativamente.
Apesar dessa alegação, a United recebeu uma queixa através de sua conta no X (antigo Twitter). Embora Sanchez tenha sido acusado de transfobia, uma investigação revelou que as acusações eram infundadas.
Mesmo assim, a United Airlines passou a examinar as redes sociais de Sanchez e selecionou 35 postagens de sua conta no X, alegando que elas provavam a falta de respeito e profissionalismo do comissário de bordo.
Na época, Sanchez havia feito, curtido ou comentado mais de 140.000 postagens, o que significa que as provas usadas pela United correspondiam a apenas 0,02% de seu histórico na plataforma.
Embora Sanchez reconheça que a rede social de Elon Musk nunca tentou censurar sua liberdade de expressão, ele acusa a United de tentar “exercer controle total sobre as postagens/discurso no X”.
Embora não se identifique como comissário de bordo da United em seu perfil no X, Sanchez postou fotos suas de uniforme, incluindo uma em que carrega um piloto nos ombros. Na mesma conta, ele repostou e curtiu publicações críticas à associação entre o movimento Lésbica, Gay e Bissexual e o movimento Transgênero. Sanchez defende que, em sua opinião política, o “movimento transgênero é distinto e não promove o movimento ‘LGB’”.
Sanchez procurou apoio da Associação de Comissários de Bordo (AFA-CWA), mas, depois de um apoio inicial de representantes locais, o sindicato mudou de postura quando o caso foi levado ao conselho executivo nacional.
A ação judicial alega que a “demissão de Sanchez foi motivada pela discordância da United com suas crenças” e que a medida “serviu como um alerta implícito aos demais funcionários, de que expressões de opiniões divergentes seriam toleradas.”
Quanto ao sindicato, Sanchez acredita que a AFA se recusou a ajudar devido a uma série de outros casos disciplinares em mídias sociais não resolvidos. Ele acredita que, se o sindicato tivesse analisado seu caso adequadamente, o desfecho seria muito diferente.
Atualmente, com a ação judicial em andamento, Sanchez trabalha como membro da Guarda Nacional Aérea do Alasca, conforme informou o PYOK.
“No final das contas, fui demitido com base na opinião de um supervisor sobre quem eu era, simplesmente por causa de alguns tweets aleatórios, tudo começou quando um cliente reclamou de mim dizendo que homens não dão à luz, mulheres não têm pênis e que a Igreja Católica nunca poderia aprovar o casamento gay, pois é um Sacramento”, conclui Sanchez em sua página no GoFundMe.
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