Comissários de voo reclamam que mudança na porta pode fazê-los cair do avião

Comissários de bordo da Alaska Airlines, representados pela Associação de Comissários de Bordo (AFA-CWA), um dos mais fortes sindicatos do setor, reclamam há três anos sobre um potencial risco enfrentado quando voam em aeronaves Airbus da frota da companhia aérea de Seattle.

Como relata Mateusz Maszczynski, do site especializado em recrutamento de tripulantes Paddle Your Own Kanoo, tripulantes de cabine dizem estar preocupados com uma mudança de desenho nas portas do avião, que “aumenta desnecessariamente a probabilidade e a gravidade potencial” de lesões aos comissários de bordo no evento de uma evacuação de emergência.

O problema estaria relacionado a uma mudança na configuração interna de alguns jatos Airbus A320 incorporados à frota da Alaska, quando essa comprou a Virgin America em 2016. A fim de encontrar espaço para colocar assentos adicionais e deixar a aeronave padronizada com os aviões que a Alaska já possuía, a companhia empurrou uma antepara (divisão ou biombo) na frente da aeronave imediatamente para trás da porta dianteira (foto abaixo).

A antepara foi movida tão para a frente que bloqueou o acesso à chamada alça de assistência, um apoio que é usado pelos comissários se estabilizarem (manterem-se firmes) quando estão ajudando as pessoas a evacuar do avião numa situação de emergência. Uma foto, obtida pelo Paddle Your Own Kanoo junto à AFA-CWA, exemplifica como o apoio dos comissários ficou inutilizado.

Segundo o site americano, um estudo da Administração Federal de Aviação (FAA) em 2014 descobriu que as alças de assistência “podem ser cruciais para permitir que o comissário de bordo desempenhe suas funções com eficiência. Isso, por sua vez, pode ter uma influência direta no sucesso de uma evacuação de emergência”.

Como cita Maszczynski, as alças de assistência devem ser usadas pelos comissários de bordo para se estabilizarem caso a escorregadeira slide de emergência não seja acionada automaticamente e eles tenham que se curvar para puxar a alça de inflação manual. Se a alça estiver bloqueada, isso torna o comissário de bordo “vulnerável à possibilidade de ser empurrado para fora da saída” e pode cair mais de três metros, concluiu a FAA.

Os comissários reclamam que a empresa, apesar de ter se mostrado interessada em resolver o problema de design, que fora aprovado pela FAA, não o fez e o processo já avança por alguns anos. No início, o sindicato também havia reclamado que a Alaska não consultou os profissionais antes de promover as mudanças de leiaute.

Diante do impasse, o sindicato recorreu a um árbitro independente e as duas partes aguardam a arbitragem sobre o tema, que não deve ser extinta, mesmo com os planos da companhia aérea de retirar todos os jatos Airbus da frota em mais alguns meses.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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