Como a Ucrânia conseguiu salvar o seu avião presidencial em meio à guerra

Nos últimos dias, um avião Airbus A319 ucraniano tem sido visto esporadicamente nas plataformas de rastreamento de voos. Com pouco mais de 14 anos de idade, o jato de matrícula UR-ABA e discreta pintura desperta a curiosidade de quem o vê.

Em meio à guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, após a invasão das tropas russas, o espaço aéreo local foi fechado. Depois desta data, ninguém, mais decolou ou pousou na capital ucraniana, Kiev, dado o elevado risco de abate. Um Airbus A319, nesse contexto, seria um alvo fácil.

O A319 presidencial ucraniano, que costumava ficar baseado em Kiev, estava fora do país quando a guerra começou e isso pode ter lhe “salvado a vida”. Isto porque, ainda que o aeroporto internacional Boryspil, na capital da Ucrânia, permaneça íntegro até o momento, a guerra ainda está em curso e ninguém sabe o que pode acontecer.

Por onde anda (ou voa)

O avião ucraniano tem configuração interna VIP, semelhante à do A319 presidencial brasileiro. Ele foi construído em 2007, mas se juntou oficialmente à Força Aérea Ucraniana apenas em 2010.

Como mostram dados da plataforma de rastreamento de voos Radarbox, o jato voou bastante no ano passado, tendo percorrido trajetos dentro da própria Ucrânia, bem como feito viagens internacionais com oficiais do governo. Alguns dos destinos estrangeiros incluem a Geórgia, Lituânia, Alemanha, Estados Unidos, Uzbequistão e a Islândia.

No entanto, em 20 de dezembro, o jato voou para uma base aérea holandesa em Berg Op Zoom, onde alegadamente passaria por manutenção programada. E lá esteve até que a guerra eclodiu.

De volta à missão

Depois disso, o avião voltou a voar apenas em 15 de abril, quando fez um voo local de testes, antes de ser reposicionado, quatro dias depois, para Cracóvia (Polônia), um lugar mais próximo do seu país e de onde voltaria a voar em missões oficiais.

No dia 20 de abril, a aeronave decolou da Cracóvia para Shannon (Irlanda), onde fez uma parada técnica antes de seguir para os Estados Unidos, onde aterrissou na Base Aérea de Andrews, nos arredores de Washington.

Apesar de não haver publicidade sobre o voo, presume-se que a bordo estava o primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal e sua equipe, já que a Casa Branca confirmou o encontro do político europeu com o Presidente dos EUA, Joe Biden, no dia 21 de abril. No dia seguinte, o avião retornou para a Cracóvia e não voou mais desde então.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias