Como uma turbulência a 10 mil metros quebrou o tornozelo de uma comissária de bordo

comissária cook

Uma comissária de bordo da Thomas Cook teve um tornozelo quebrado após seu pé ter ficado preso embaixo de um carrinho de comidas (“trolley”) durante uma súbita turbulência. Outro comissário sofreu uma pequena lesão nas costas e nenhum passageiro ficou ferido.

Nessa semana, o britânico AAIB emitiu seu relatório sobre o incidente.

Entenda o que aconteceu com a comissária

Enquanto fazia o voo MT2915 de Varadero, em Cuba, para Manchester, no dia 2 de agosto deste ano, um Airbus A330-200 encontrou uma turbulência severa sobre o Oceano Atlântico, a nordeste das Bahamas. Ao encontrar-se com a camada de densas nuvens, o piloto anunciou pelo sistema de alto-falantes que toda a tripulação deveria retornar imediatamente a seus lugares.

O piloto já estava ciente de que haviam formações no caminhoe havia mudado do radar meteorológico 1 para o 2, a fim de ajudar a identificar os problemas na área, ainda que medidas já haviam sido tomadas antes da decolagem, ao planejar a rota para evitar o pior tempo.

Enquanto isso, o sinal de apertar os cintos de segurança já estava ligado, de modo que todos os 320 passageiros estavam sentados. No entanto, os 11 membros da tripulação ainda estavam operando na cabine. Em uma declaração, a AAIB do Reino Unido disse que “se os sinais do cinto de segurança ainda não estivessem acesos, é possível que mais pessoas se machucassem no incidente”.

A mudança repentina na densidade das nuvens no momento do incidente resultou em uma queda de altitude de 500 pés (170 metros). A turbulência durou pelo menos 90 segundos e sons de granizo atingindo a aeronave puderam ser ouvidos. Embora o comandante tenha anunciado que a tripulação retornasse aos seus lugares, não havia tempo suficiente. A turbulência severa começou apenas cinco segundos após seu anúncio.

Medilink

Infelizmente para uma membro da tripulação de cabine, o anúncio do capitão chegou tarde demais. Incapaz de devolver seu carrinho à galley, ela acionou o freio e tentou colocá-lo em um local seguro temporariamente, para permitir que ela voltasse para seu assento. No processo, seu pé ficou preso. Como a turbulência começou repentinamente, ela não conseguiu libertar o pé e só foi assistida após seu término, quando seus colegas viram o que havia acontecido puderam vir e ajudá-la.

A tripulação entrou em contato com a Medilink por telefone para discutir a lesão imediatamente após o ploto considerar seguro fazê-lo. O Medilink fornece assistência médica por telefone para aeronaves em situações de emergência e pode ajudar com assistência especial a passageiros com necessidades especiais antes, durante e após um voo. 

Apesar do Medilink diagnosticar uma fratura no tornozelo, o voo continuou para Manchester, chegando em segurança ao Reino Unido mais de sete horas depois. Outra comissária de bordo também foi tratada na chegada por lesões nos ombros e nas costas. As lesões não foram aparentes imediatamente após o incidente e foram classificadas como “ menores ”.

Centro de Resposta do Medlink, em Phoenix

Danos à aeronave

A aeronave vinha sofrendo turbulência leve há algum tempo antes do incidente, o que levou o comandante a ligar o sinal de apertar os cintos de segurança. Um grande sistema climático havia sido identificado pelos radares a bordo e a tripulação estava tomando medidas para evitá-lo, quando ocorreu uma súbita turbulência.

Como o granizo atingiu o nariz da aeronave, o radome foi danificado, ela teve que voltar a usar o radar meteorológico 1 para o restante do voo, já que o segundo radar não estava mais funcionando.

De olho no mau tempo

No relatório da AAIB sobre o incidente, ele afirma que uma previsão para o voo mostra “nuvens ocasionais, isoladas e embutidas de cumulonimbus (CB) ” nas primeiras duas horas e meia do voo. As nuvens cumulonimbus podem indicar a presença de tempestades , granizo, gelo e turbulência. O relatório conclui que “a tripulação de voo estava ciente dos riscos associados às nuvens de CB”

Portanto, embora o incidente tenha resultado em duas lesões infelizes, a situação em si não é incomum. Isso serve como um lembrete a passageiros e tripulantes de que é importante atender aos avisos do comandante imediatamente.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias

TST acata recurso do SNA e ação coletiva contra a Azul...

0
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) acatou recurso do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) na ação coletiva, em face da Azul